terça-feira, 17 de março de 2015

E agora, o que acontece?

Dilma Renuncia jurista impeachment nao pode militar nao Janio quadros voltando
O Brasil, diante da surpresa de todos, foi para as ruas em todo o país, em massa, convocado pelo novo poder das redes sociais. As duas cidades símbolo: Brasília, a capital política, e São Paulo, centro nevrálgico do poder econômico e financeiro, deram vida às duas maiores manifestações de sua história.

Nas mais de 200 cidades onde os brasileiros sem outra bandeira além das cores do Brasil, ouviu-se um único grito: “Fora Dilma”, “fora PT”, representado graficamente por um caixão. Junto com esses dois gritos, o de “corrupção nunca mais” e uma defesa clara da democracia.

Cabe perguntar: E agora, o que acontece?

Milhares de cartazes cheios de criatividade, muitos escritos à mão, revelavam a insatisfação de um país que sente que sua vida piora a cada dia. “Que nos devolvam o Brasil”, rezava outro cartaz e, ao seu lado: “Dilma, a paciência acabou”. Outros destacavam: “Não somos a elite. Não somos de direita. Somos o Brasil”.

É verdade. A idiossincrasia das manifestações, em todas as cidades, desmentiu as aves de mau agouro da véspera. O Brasil os desmentiu redondamente. Diziam que era o país do “caviar”, o dos ricos, o que sairia à rua para exigir a cabeça de Dilma. Não foi. Foi o Brasil plural, foi o Brasil mestiço, o que saiu à rua sem ideologias nem classes. Desfilaram juntas famílias inteiras com seus filhos; casais de namorados de mãos dadas, idosos, muitos jovens e até grávidas felizes. Trabalhadores lado a lado com empresários.

Temia-se que, como em 2013, grupos violentos tentariam abortar as manifestações. Não apareceram. Não houve incidentes. Mais ainda, os brasileiros revelaram o melhor de sua alma: seu espírito festivo, sua criatividade, sua paixão por estar juntos, seu pluralismo e a defesa de um valor que não estão dispostos a renunciar: a democracia.

Foi o Brasil no qual as crianças tiravam fotos com os policiais militares armados até os dentes. Foi o Brasil que às portas do Congresso Nacional, em Brasília, entregavam flores brancas às forças da ordem.

Garantia-se que tinham saído à rua grupos que exigem a volta dos militares. Não foram. Só dois ou três cartazes sobre isso foram anulados pelos milhares de caráter democrático.

Houve até quem apostasse que os convocados pelas redes sociais acabariam na rua enfrentando os que pediam o impeachment de Dilma, os que eram contra e os que defenderiam o governo. Que as manifestações reforçariam a polaridade de um país dividido em dois. Enganaram-se.

Dilma Rousseff já deu a entender que não se afastará

Foi um Brasil unido nas mesmas reivindicações. À súplica da presidenta Rousseff em seu primeiro discurso dias atrás depois de sua reeleição, de que “tivessem paciência” diante da crise que seria passageira, os manifestantes lhe responderam que já estava esgotada. Saiu à rua esse Brasil em que, a pouco mais de dois meses de sua reeleição, apenas 7% aprova seu governo nas pesquisas.

Foi o Brasil que desfilou com suas caras pintadas de verde e amarelo e que gritava: “Nossa bandeira não é vermelha”. E não houve nos desfiles em todo o país uma só bandeira de partido.

Diante disso, e diante de um governo atônito que na véspera tinha minimizado o protesto por não contar com mais apoio do que o das redes sociais, cabe a pergunta: E agora, Dilma?

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