sexta-feira, 27 de março de 2020

Nada será como antes

A luta para conter a expansão da pandemia gerou alguns efeitos colaterais positivos. Como a disseminação do home office, o trabalho à distancia, que os americanos chamam de smart office. Porque é mesmo mais produtivo e dispensa espaço.

O Brasil precisou de uma pandemia para aceitar que o home office é mais inteligente, mais econômico e mais eficiente que o presencial, com tudo por escrito ou gravado. Trabalhando em ambientes informais, de short, de calcinha, ou até nu, estirado no sofá, onde estiver mais cômodo, usando o laptop, o celular ou o Skype para fazer o que tem que ser feito. Mas cuidado: o trabalho em casa exige mais (auto) disciplina e responsabilidade. E com crianças de férias fica complicado.
É uma grande mudança de conceito, antecipada há 20 anos por Domenico De Masi com seu “Ócio criativo”. Na economia digital não interessa mais “alugar uma pessoa” por oito horas diárias num imenso escritório caríssimo. O que importa é “comprar um serviço”, seja uma planilha de custos, a análise de um produto, um relatório sobre materiais, uma petição, o custo de uma obra, todos os infinitos trabalhos de escritório que podem ser feitos à distancia. É bom para patrões e empregados.

De Masi descobriu em suas pesquisas que na maioria dos escritórios e repartições na Itália toda a rotina de trabalhos podia ser feita até a hora do almoço. Depois, não havia mais nada a fazer, a não ser fofocar, inventar controles, e ralentar trabalhos. Seria muito melhor terminar seus deveres e passar a tarde em casa com a família, num ambiente acolhedor, com mais chances de ter boas ideias e resolver problemas. Com todo mundo ao alcance de um clique.

Certamente é melhor conviver com amigos de que você gosta do que com “o pessoal do escritório” que lhe é imposto, ter que ver todo dia a cara daquele chefe abominável, o que importa é trabalhar quando quiser, onde quiser, e entregar a tarefa bem feita. Os burocratas terão que ser reeducados. Os escritórios e repartições públicas estão com os dígitos contados.
Nelson Motta

Nenhum comentário:

Postar um comentário