Se Ele for mesmo brasileiro, já deve ter se cansado de ouvir essa pergunta nos últimos tempos.
Bolsonaro está prestes a completar cem dias no Planalto. Ainda é cedo para julgar o governo, mas já ficou claro que o presidente não estava preparado para o cargo.
O presidente passou os últimos 28 anos no Congresso, quase o dobro dos 15 que viveu nos quartéis. Dedicou sete mandatos à fabricação de polêmicas e à busca incessante pelo confronto. A vocação para a guerra o ajudou a se eleger, mas tem se revelado um obstáculo para governar.
Até aqui, o capitão já abriu fogo contra adversários reais e imaginários. Bradou contra o socialismo, atacou países vizinhos, ofendeu parceiros comerciais e brigou com políticos que se dispunham a apoiá-lo.
Um deles foi o presidente da Câmara, que revidou as provocações com derrotas amargas para o governo. Num dos capítulos do bate-boca, ele disse que Bolsonaro “está brincando de presidir o Brasil”. Não é o único a fazer o diagnóstico.
Além de manter o tom belicoso da campanha, o presidente permitiu que a Esplanada virasse um parque de diversões da extrema direita.
Nos episódios mais caricatos da disneylândia olavista, a ministra das Mulheres disse que as meninas deveriam vestir rosa e o ministro das Relações Exteriores prometeu libertar o Itamaraty do “marxismo cultural”. No mais perigoso, o ministro da Educação ameaçou mudar os livros didáticos para exaltar o golpe de 1964.
O Planalto dá aval às maluquices quando o presidente reverencia um guru desbocado e a Secretaria de Comunicação divulga vídeo apócrifo com elogios à ditadura.
As confusões da largada produziram um desgaste precoce no governo. A popularidade do presidente despencou 15 pontos, e o mercado financeiro começou a trocar a euforia pela cautela. As previsões para o PIB deste ano caem há cinco semanas seguidas, de acordo com o boletim Focus do Banco Central. Na edição passada, o índice estreou abaixo dos 2%. O relatório é anterior ao tchtchucagate, que expôs o pavio curto do ministro Paulo Guedes e a falta de articulação para defendê-lo na Câmara.
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