Tem um passado nebuloso, que inclui os inquéritos a que está respondendo pelas aplicações que fez para fundos de pensão que beneficiaram suas próprias empresas, a ponto de a direção do Funcex, da Caixa Econômica Federal, ter denunciado a gestão temerária dele à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), que constatou os prejuízos e encaminhou a denúncia ao Ministério Público.
O prejuízo que deu aos fundos está mais do que está comprovado. Se suas aplicações tivessem dado lucro, por óbvio nem haveria a investigação. Justamente por isso, o pecador Guedes tenta escapar dessa denúncia como o diabo foge da cruz. Primeiro, recusou-se a depor ao Ministério Público e agora se esconde sob o manto sagrado do foro privilegiado no Supremo.
É inacreditável que Bolsonaro tenha colocado um economista desse tipo para cuidar dos cofres públicos. Em sua santa ingenuidade, o presidente da República não percebe que Guedes é um ferrenho defensor dos banqueiros, está pouco se preocupando com o interesse público.
Nesta quarta-feira, o ministro mentiu abertamente na Comissão de Constituição e Justiça, ao afirmar que não vai entregar a capitalização para os bancos. Vai entregar a quem, então? Ora, ele admite que pretende seguir o modelo do Chile, com o sistema sendo operado pelas AFPs [Administradoras de Fundos de Pensão], controladas por bancos ou seguradoras, que são irmãos xifópagos.
Para os trabalhadores, o sistema não deu certo no Chile, mas tem sido altamente lucrativo para os bancos e seguradoras. Os fundos de pensão que fazem a capitalização no Chile são geridos por seis AFPs, das quais cinco são estrangeiras, e uma delas é do banco BTG Pactual, do qual Guedes foi um dos fundadores. Mas é claro que isso é apenas coincidência.
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