Parente foi responsável pela notável recuperação da Petrobrás, que havia sido destroçada pelos governos lulopetistas. Naquela trevosa época, recorde-se, a estatal foi entregue à mais desbragada rapinagem do PT e de seus cúmplices, resultando no famigerado petrolão. Mas engana-se quem pensa que esse foi o pior legado da dupla Lula da Silva-Dilma Rousseff no que diz respeito à administração da Petrobrás.
A estatal transformou-se na petrolífera mais endividada do mundo, à beira do colapso, quando passou a funcionar como máquina de dinheiro para financiar o populismo do PT, que se manifestou tanto na forma de subsídio para os combustíveis como na participação da Petrobrás em empreendimentos controvertidos e mal planejados. O pressuposto era que o papel da Petrobrás – “estratégico”, como não se cansam de dizer os empulhadores – era servir como motor do desenvolvimento nacional. O tal desenvolvimento não veio – em lugar disso, o que essa política doidivanas gerou foi a ruína da maior empresa do País.
Diante desse quadro, tornou-se óbvio que a única maneira de sanear a Petrobrás era impedir que os interesses políticos continuassem a ditar os rumos de sua administração – e não foi por outro motivo que Parente exigiu total autonomia para aceitar o convite do presidente Michel Temer para assumir a Petrobrás, em junho de 2016, logo após o impeachment de Dilma Rousseff.
Munido dessa liberdade de ação, Pedro Parente pôde implementar uma administração austera e dinâmica, que em pouco tempo reequilibrou as finanças da empresa, por meio da venda de ativos e, principalmente, de uma política de preços que dispensava os subsídios, por respeitar as variações de mercado.
A greve dos caminhoneiros, contudo, colocou essa política na berlinda, pois a principal reivindicação do movimento era o restabelecimento do subsídio. Diante da hesitação do Palácio do Planalto, que tremeu em razão das consequências de uma greve que nem conseguiu prever nem soube conter, Parente ainda fez o que pôde para que o governo ganhasse tempo para negociar um acordo – que, ao final, se revelou uma verdadeira capitulação ao movimento paredista.
Em sua carta de demissão, Parente dá a entender que a decisão do governo de restabelecer o subsídio, sem dar suporte firme para manter a política de preços por ele implementada, foi o fator preponderante para sua saída. “Diante desse quadro, fica claro que a minha permanência na presidência da Petrobrás deixou de ser positiva”, escreveu ele.
Ao aceitar a demissão de Parente, o presidente Michel Temer também deu uma vitória aos petroleiros que haviam deflagrado uma greve política, na qual exigiam justamente a saída do executivo. E nem é preciso dizer que a decisão foi celebrada por todos os que trabalham incansavelmente em favor do subdesenvolvimento travestido de “justiça social”. “Já vai tarde”, disse Guilherme Boulos, candidato a presidente pelo PSOL. “Era o que a sociedade esperava”, declarou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). “Finalmente!”, tuitou o PT.
Enquanto o governo perde quadros de imenso valor como Pedro Parente – e, antes dele, Maria Silvia Bastos Marques, que deixou o BNDES depois que o governo lhe sonegou apoio contra os que sabotavam sua política de reorganização do banco –, personagens notórios mais por escândalos que por capacidade administrativa continuam prestigiados no Palácio do Planalto. Nada disso augura um bom futuro nem para o governo nem para o País.
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