Ao esvaziar o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, num processo muito parecido com um esquartejamento político, Jair Bolsonaro contradiz o discurso segundo o qual o governo não precisa de reforma ministerial. De acordo com a superstição difundida por Bolsonaro, seu ministério é técnico, opera sem viés ideológico e introduziu na administração pública brasileira um grau de eficiência sem precedentes. Tudo conversa fiada.
A equipe ministerial de Bolsonaro revelou-se heterogênea e disforme como um Frankenstein. O pedaço do governo que funciona, puxado pela área econômica, é atrapalhado pela ala dos trapezistas ideológicos, que insistem em botar fogo no circo, à frente Meio Ambiente e Educação. Bolsonaro diz que não precisa de reforma ministerial. Outra lorota. Na verdade, o ministério já foi reformado, só que piorou. O ministro palaciano Gustavo Bebianno teve a cabeça levada à bandeja. Ricardo Vélez, caiu de maduro da pasta da Educação. E foi substituído por Abraham Weintraub, que dá ao país erros e polêmicas como a bananeira dá bananas.
Foram enviados para o olho da rua também os generais Santos Cruz, da Secretaria de Governo; e Floriano Peixoto, que havia sucedido Bebianno na secretaria-geral e foi rebaixado para a presidência dos Correios. Incluindo-se na dança de cadeiras gente do segundo escalão, como presidente do BNDES Joaquim Levy, substituído pelo "garoto" Gustavo Montezano, e o nazi-secretário de Cultura Roberto Alvim, trocado por Regina Duarte, as demissões passam de 20. O derretimento da equipe ajuda a envelhecer precocemente o governo.
Embora Bolsonaro relute em admitir, a Esplanada clama por uma reforma. Uma pessoa que não sabe nadar não se afoga por cair na água. Ela morre afogada por permanecer lá. No alvorecer do segundo ano de mandato, Bolsonaro comanda uma equipe precária. Um pedaço do ministério naufraga num mar de incompetência e suspeição. Como Bolsonaro demora a promover substituições que parecem óbvias, sua autoridade afunda junto com os ministros que ele frita ou esquarteja.
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