Na média mundial, o número de pessoas insatisfeitas com o sistema democrático em seus países é recorde e chegou a 57,5%, ficando 9,7 pontos percentuais acima de 1995.
A tendência negativa é especialmente forte desde 2005, ano que marca o "início de uma recessão democrática global", segundo os pesquisadores. Naquele ano, apenas 38,7% dos cidadãos estavam insatisfeitos.
Entre os motivos listados para a atual situação estão eventos políticos e sociais como a crise financeira de 2008, a subsequente crise do euro de 2009 e a crise dos refugiados na Europa, em 2015. A insatisfação com a democracia subiu 6,5 pontos percentuais após o colapso do banco Lehman Brothers, em outubro de 2008, afirma o relatório.
No Brasil, a insatisfação pública com a democracia alcançou níveis recordes em meio à série de escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, afirma o relatório. Menos de 20% dos brasileiros estão satisfeitos com o sistema democrático, aponta.
"Uma breve exceção ocorreu durante a primeira década do século 21, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010", observa o relatório. "Colhendo os frutos de um boom global de commodities, o governo Lula investiu em programas para reduzir a pobreza amplamente disseminada e reduzir a desigualdade."
"Em retrospecto, porém, esse foi apenas um hiato entre dois períodos de instabilidade – um marcado pelos efeitos da crise dos mercados emergentes do final dos 1990, e outro que começou com a Lava Jato [...] Ao que parece, o futuro foi mais uma vez adiado para o Brasil."
O relatório separa os países analisados em quatro grupos: satisfação com a democracia, casos de preocupação, mal-estar e crise. O Brasil está no quarto, ao lado de Venezuela, México, Ucrânia, Colômbia, Peru e Moldávia, onde há democracias que enfrentam uma "real 'crise' de legitimidade" e três quartos dos cidadãos ou mais declaram insatisfação com o sistema democrático.
Os únicos países onde as pessoas estão satisfeitas com a democracia são Suíça, Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Irlanda, Holanda e Áustria.
A maioria dos países está nas duas categorias intermediárias. A Alemanha está entre os casos de preocupação. Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, Itália e França estão abaixo, na categoria "mal-estar".
O relatório também observa que a perda de confiança na democracia pode ter consequências futuras. "Muitos dos países que, nos anos 1990, tinham os menores níveis de confiança na democracia – como Rússia, Venezuela e Belarus – são exatamente aqueles que experimentaram uma erosão democrática na década seguinte, geralmente com a eleição de homens-fortes que, uma vez no cargo, começaram a minar direitos civis e liberdades."
Deutsche Welle
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