Raymond Depardon |
A humanidade, lentamente, desenvolveu-se. Alcançou a era da agricultura, com todas as suas respectivas técnicas - um avanço notável. Porém, igualmente avançou o coeficiente GINI, que evoluiu para 0,35.
Passou-se ao exuberante Império Romano, no qual a humanidade, de um lado, produziu obras maravilhosas, mas, paradoxalmente, viu aprofundar-se o fosso entre ricos e pobres - no apogeu de Roma, eis o coeficiente GINI pulando para 0,48.
Chegamos aos dias de hoje. Da eletrônica à medicina, da literatura à engenharia, a humanidade orgulha-se de seus feitos maravilhosos - esquecendo-se, no entanto, da vergonha embutida em um coeficiente GINI de 0,7 (índice encontrado na cidade de Londres, no Reino Unido).
Em que se traduz todo este "índice de desigualdade"? Vamos a um número de mais fácil assimilação: em 2017, apenas 1% dos seres humanos concentravam 50% da riqueza de todos os demais! Este dado choca ainda mais se nos recordarmos de que em 2008 possuíam "apenas" 42,5% - ou seja, o problema piora a passos largos.
Diante desta realidade, há os que sugerem maior tributação aos ricos ou medidas análogas. Modestamente, indicaria caminho outro: que todos tenham acesso aos meios de produção de riqueza. Que cada pessoa possa competir com justiça, liberta da ação do verdadeiro "governo paralelo" em que se transformaram as grandes corporações - cujo tamanho, poder e riqueza devem encontrar, e com urgência, um limite.
Até lá, fiquemos sob aquela realidade ironizada por Anatole France: "a lei, no seu majestoso igualitarismo, proíbe tanto os ricos quanto os pobres de dormir debaixo da ponte".
Pedro Valls Feu Rosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário