E o cinismo predomina a partir de donatários dos Três Poderes da nossa República, transformados em verdadeiros alcaguetes, delatores de malfeitos de que participaram ativamente mas que, de uma hora para outra, quando se veem encarcerados ou com o risco de ter até seus parentes presos, denunciam com o claro intuito de usufruir de premiação que vai da redução à prescrição de penalidades.
Nesse contexto, nem mesmo a magistratura consegue nadar incólume em meio à onda de corrupção que se espalha pelo país. Os juízes que descobrem como e por que condenar são os mesmos que absolvem até mesmo quem já haviam condenado. Seja em primeira ou segunda instância do Judiciário, julgamentos e sentenças contraditórios são uma constante nos tribunais. Não existe lógica nem coerência processuais. O mesmo juízo que condena é aquele que reduz e depois amplia penas já definidas com base em denúncias do Ministério Público.
Juízes, desembargadores e até ministros da alta corte disputam espaços na mídia, mergulhados em enfadonhas discussões que se espalham por membros de poderes igualmente podres ou em estágio de putrefação pelo inevitável contágio pelo vírus da corrupção.
E diante desse quadro atual, como será o amanhã? Será que continuaremos vivendo de espasmos de promessas de reformas salvadoras da pátria? Será que as reformas defendidas com tanta ênfase pelo governo conseguirão anular ou ao menos neutralizar os efeitos deletérios da desigualdade social, cujo ranking tem o Brasil figurando como um dos campeões? Estamos todos em busca de respostas, enquanto se agigantam o caos, a insegurança jurídica e a corrupção.
Gessy Rangel
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