Ao afirmarem isso, não inovam nada. Foi sempre assim. Talvez, ultimamente, tenha crescido vegetativamente o número dos que pregam ou aceitam a implantação de um regime autoritário. Uns, por convicção inabalável. Outros, por completo desconhecimento (ou má-fé) do que foi, por exemplo, o de 1964. Para eles, vale esta “lição”: a liberdade não é uma conquista indispensável ao ser humano. É uma concessão. Só se prepara um povo para a liberdade, em primeiro lugar, retirando-a para, depois... Bom, esse depois fica sempre para depois...
A tendência do brasileiro para o autoritarismo tornou-se, agora, mais preocupante ainda. Recente estudo, que precisa ser levado a sério, denominado “Medo da Violência e Autoritarismo no Brasil”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, elaborou, no país, um Índice de Propensão ao Apoio de Posições Autoritárias. De acordo com pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, conclui-se que a medição indica que, numa escala de 0 a 10, a sociedade brasileira atingiu o elevado índice de 8,1. Essa predisposição – a de ter a propensão de apoiar posições ou soluções autoritárias – tende a aumentar diante do quadro de violência, de norte a sul, no qual o país vive há muitos anos.
Voltando à responsabilidade (ou missão) da imprensa, na divulgação das “notícias ruins”, os profissionais atingidos em cheio são, com certeza, os chamados “âncoras” (de televisão e rádio), obrigados a repetir, por motivos óbvios, várias vezes ao dia, as mesmas notícias e, na verdade, com mais intensidade do que no passado. A suíte sempre foi fundamental ao noticiário. O mal talvez esteja na frequência com que se dedicam a ouvi-los, sobretudo na cansativa telinha. Jogam a culpa na imprensa quando, na realidade, deveriam entender melhor o papel dos que, por dever de ofício e respeito à cidadania, apenas divulgam notícias.
Que estes tempos estranhos jamais se transformem em autoritários, dos quais o jornalista quase sempre é a primeira vítima.
O autoritarismo só leva ao fundo do poço, leitor.
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