Houve muitas causas para essa agonia. A ocupação desordenada do espaço gerou desmatamento, extinção de nascentes, atividades agropecuárias de alto impacto ambiental, assoreamento e poluição intensa por esgoto doméstico e industrial. A ausência do Estado para o planejamento adequado da economia, a fiscalização e a educação dos habitantes mantém-se ainda hoje, como se a água não tivesse qualquer importância para a sobrevivência de todos. Lagoa da Prata é um exemplo desse descaso, a 328 km da nascente. Os extensos canaviais têm comprometido muitos córregos e demandam volumosa irrigação a partir do leito principal. A área do município é de apenas 442 km², e, mesmo assim, mais de cem pântanos e lagoas foram drenados nesse território. Os rios Jacaré e Santana perderam muito volume. Felizmente, existe agora uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que assegura água limpa oriunda dos poços artesianos e de vários córregos após abastecer a cidade. Há também muitos jovens fiscalizando e exigindo solução para os problemas ambientais.
Os problemas da bacia hidrográfica são maiores em relação aos três principais afluentes pela margem direita. Há denúncia frequente em relação ao rio das Velhas, que corta a porção norte da região metropolitana de Belo Horizonte, recebendo o esgoto in natura de grande parte de sua população. O Paraopeba, entretanto, é mais castigado porque atravessa a área industrial, sendo assoreado pelos resíduos da mineração e das empresas e poluído pelos dejetos humanos. Quanto ao rio Pará, parece que sua situação é ainda pior, porque o descaso é generalizado por onde ele passa desde Resende Costa. Ele está coberto de aguapés na barragem do Gafanhoto, próximo a Divinópolis, e, logo à frente, ele recebe grande parte do esgoto de uma cidade com mais de 230 mil habitantes, conduzido pelo subafluente, Itapecerica. O rio São João, que corta Itaúna, encontra-se também em situação deplorável. O Lambari está praticamente extinto na altura da BR–262.
Vamos assistir passivamente à morte do Velho Chico?
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