sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Projeto de poder do PMDB faz escala na cadeia

O PMDB é uma locomotiva à procura de um itinerário. Havia estruturado no Rio de Janeiro algo muito parecido com um projeto de poder nacional. Nesse vagão, espremiam-se cinco pajés: Sérgio Cabral, Eduardo Paes, Eduardo Cunha, Luiz Fernando Pezão e Jorge Picciani. Cabral, Paes e Cunha cultivaram ambições presidenciais, cada um à sua maneira e ao seu tempo. Hoje, o projeto faz baldeação em duas estações. Nenhuma delas conduz ao sonho presidencial. Numa, o PMDB fluminense encontra-se com a ruína fiscal que produziu. Noutra, o projeto foi empurrado para um estágio na cadeia.

Preso na manhã desta quinta-feira, Sérgio Cabral sonhou com o Planalto na época em que vendeu aos cariocas duas sensações frágeis e passageiras: a impressão de segurança proporcionada pelas Unidades de Polícia Pacificadora e a ficção de prosperidade vitaminada por empréstimos temerários e verbas federais enviadas por Lula. Tudo isso foi dissolvido numa mistura de inepcia e corrupção.


Hospedado no PF’s Inn de Curitiba, Eduardo Cunha construiu uma ficção presidencial imaginando que costuraria seu futuro por dentro do Congresso. Derrubaria Dilma em 2016, assistiria à cassação de Temer em 2017, no julgamento das contas apodrecidas de campanha no TSE. Na sequência, seria carregado até o Planalto por sua infantaria parlamentar, numa eleição indireta com previsão constitucional. A ambição financeira transformou Cunha numa baleia dentro de uma banheira. O personagem fritou-se em sua própria gordura.

Eduardo Paes também foi visto como pseudo-opção nacional do PMDB. A impressão de que o prefeito, um ex-tucano, poderia voar para o governo do Estado e, dali, para Brasília foi potencializada pela conversão da cidade do Rio num canteiro olímpico de obras. Mas Paes não conseguiu nem mesmo colocar um successor no segundo turno das eleições municipais. Hoje, flerta com a ideia de trocar de partido. O PMDB virou legenda tóxica. Com o futuro atrás das grades, o partido administra um presente que está condicionado à capacidade do governo Temer de aprovar reformas impopulares e ao poder de destruição da delação da Odebrecht.

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