As razoes são muitas, variadas, diferentes. Inflação, corrupção, incompetência, qualidade de vida, desemprego, segurança... Enfim, seria possível encher paginas e (provavelmente a paciência do leitor) com o rosário de reclamações (ou constatações) que levam a conclusão coletiva de que a vida esta ruim para todos.
Não chega a ser um diagnostico. Isto exigiria determinar as causas e, em etapa seguinte, fazer o prognostico. E provavelmente, ai sim, não haveria consenso. Não surpreende. Principalmente diante da quantidade de saídas e propostas simplistas, quase primitivas que circulam por ai.
Talvez seja a ausência de surpresas a mais clara denuncia da baixa qualidade dos resultados dos nossos esforços coletivos em construir um país melhor. Enfim, não é a existência dos comportamentos indesejáveis que surpreende. É o fato de se repetirem. De serem generalizados. De serem resilientes ao extremo.
É tudo tão espalhado, generalizado, resistente ao combate, que já da para chamar de epidemia (ou, talvez mesmo de pandemia). Basta ver que são os mesmo crimes. Praticados pelos mesmos motivos. Envolvendo personagens comuns. E em um enredo cada vez mais abrangente, onde, já no meio de historia desinteressante, sobram culpados, faltam heróis.
Claro que é importante cumprir as leis a fazer justiça. Este é outro consenso. Mas talvez o mais importante (ou no mínimo tão importante quanto) fosse descobrir o que todos estamos coletivamente fazendo de errado para colhe reste resultado tenebroso.
O triste desfile diário nas noticias é também culpa e responsabilidade de cada um. É falha coletiva aproveitada por gente que, sendo incapazes de tudo, são capazes de qualquer coisa. E impedir que a história seja escrita pela tinta do cinismo é obrigação de cada um. Sem precisar de consenso sobre o que se deve fazer, mas necessariamente concordando sobre o que não pode ser feito.
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