De repente, desaba a tempestade sobre o personagem, com suposições de sua participação em maracutaias eleitorais e até referências na Operação Lava Jato.
Não tivesse o ex-governador sido mencionado como alternativa sucessória e não estaria sendo alvo antecipado.
O passado costuma sempre apontar o que devemos evitar, mais do que o que fazer. Há exceções, no entanto. Will Durant, na sua magistral “História da Civilização”, conta que nos séculos de Augusto a Marco Aurélio, na maioria das municipalidades da península, assembleias escolhiam os governantes, magistrados e demais autoridades. Só que eles se obrigavam a dar às cidades apreciável quantidade de dinheiro em troca do privilégio de servi-las. O costume determinava que fizessem donativos para o bem público. Os cargos não tinham remuneração, e além de obras públicas como estradas, pontes, aquedutos e bibliotecas, também teatros, jogos, templos, e banhos eram por conta da municipalidade. É claro que a aristocracia unia-se à oligarquia, em detrimento da imensa maioria de pobres, mas nunca o rico fez tanto pelo pobre, até fornecendo viveres grátis em tempos de carestia. Em retribuição as cidades votavam aos doadores estátuas e inscrições. Os pobres não se entusiasmavam muito, pois acusavam os ricos de haver enriquecido às custas deles e pediam menos edifícios belamente ornados e mais trigo em conta.
A diferença é de que dois mil anos depois dos romanos assistimos autoridades, magistrados e governantes não apenas muito bem remunerados, mas continuando a prática do enriquecimento às custas do conluio entre aristocratas e oligarcas. Só que o rico, agora, faz muito menos pelo pobre...
Nenhum comentário:
Postar um comentário