segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Gilmar denunciou cooptação do Supremo mas mídia silenciou

Circulam incessantemente na internet as importantes declarações do ministro Gilmar Mendes à Rádio Jovem Pan, em entrevista concedida a 18 de dezembro, no dia seguinte à última sessão do Supremo Tribunal Federal antes do recesso, quando houve o julgamento acerca do rito do impeachment de Dilma Rousseff, com rejeição do parecer do relator Edson Fachin, devido ao voto do ministro Luís Roberto Barroso, que usou informações ardilosas e fraudadas para conseguir maioria no plenário.

“Lembra que eu tinha falado do risco de cooptação da Corte? Eu acho que nesse caso isso ocorreu… Diante desse quadro de grave crise de corrupção, nós vamos ficar fazendo artificialismos jurídicos para tentar salvar, colocar um balão de oxigênio em alguém que já tem morte cerebral”, disse Mendes, referindo-se à presidente Dilma Rousseff, em entrevista à rádio Jovem Pan. E prosseguiu:


“É claro que há todo um projeto de bolivarização da Corte. É evidente que, assim como se opera em outros ramos do Estado, também se pretende fazer isso no tribunal e, infelizmente, ontem (quinta) nós demos mostras disso… o tribunal acabou chancelando uma política fisiológica. Estamos a caminho de virar ou mesmo já viramos uma Venezuela? Um dos ministros do STF acredita que sim”.

Estas foram as palavras duríssimas do Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, acerca do julgamento do rito do impeachment pela Corte. Não há qualquer outra leitura que não seja essa: ele apontou um golpe contra a democracia brasileira em favor de um governo.

Quando se ouve a entrevista de Mendes à Rádio Jovem Pan, fica claro que ele considera ter havido cooptação de ministros pelo governo Dilma. E é verdadeiramente inacreditável que suas declarações não tenham conseguido a repercussão merecida. Quase todos os grandes veículos ignoraram a entrevista ou deram como “nota de coluna”, como se fosse apenas uma “curiosidade”.

Mas acontece que a cooptação da corte máxima de um país, denunciada por um de seus integrantes, não é algo corriqueiro. Não é algo que deva ser deixado para lá. Não é algo sobre o que se possa fazer esse retumbante silêncio obsequioso de boa parte dos formadores de opinião “oficializados”. O silêncio da mídia é inquietante, indica que também está havendo cooptação da grande imprensa. Até agora, apenas a Veja tem se preocupado em esmiuçar o que realmente houve no Supremo, na surpreendente sessão de 17 de dezembro.

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