Havia um rio, não muito fundo, mas também não muito raso. Numa das margens havia muita fartura, do outro lado, muitas dificuldades. No entanto, para quem conhece aquele rio, chamado de Santa Cruz, sabe que não há razão de ele ter margens tão diferentes. Como isso é uma fábula, pouco importa, mas no mundo real sabemos que a sobrevivência de um rio depende de vários fatores, sendo fundamental que suas margens sejam preservadas e longe da ação de picaretas, com ou sem duplo sentido.
Um dia, um escorpião, cansado de passar de uma margem para outra, encontra um sapo preparando-se para atravessar o rio e pede sua ajuda. O sapo, com cara de esperto, pergunta como poderia ajudá-lo. O escorpião diz que seria muito simples: ele subiria nas costas do sapo e com isso faria a travessia de forma tranquila. O sapo quis saber o que ganharia com isso, além do que o escorpião poderia facilmente matá-lo, com seu ferrão venenoso, ao final da travessia. O escorpião disse que estava muito cansado de fazer aquela travessia, pois, devido ao seu tamanho, tinha que fazer muito esforço, ao passo que o sapo faria aquela aquilo muito mais rapidamente. Além do que, prometeu o escorpião, eles unidos poderiam ficar muito melhor, pois em troca da ajuda o escorpião prometeu que mataria os outros sapos da outra margem, para que ele fosse o único sapo em toda aquela margem cheia de fartura.
O sapo, ganancioso, achou bom o acordo e permitiu que o escorpião subisse em suas costas. Então iniciaram a travessia.
Quase chegando ao outro lado, o sapo foi surpreendido pela ferroada envenenada do escorpião no meio de sua costas, diante do olhar dos outros sapos, que a tudo assistiam e não entendiam como um sapo dava carona para um escorpião. O sapo, que só tinha cara de esperto, morrendo, vociferou ao escorpião sobre o acordo que haviam feito. Este, indo ao encontro das riquezas e de novos acordos, lhe disse: “Lamento, é da minha índole.”
A origem dessa fábula é desconhecida, mas parece ter sido na antiga Pérsia. Nessa versão, é uma tartaruga que transporta o escorpião; protegida pelo seu casco, consegue afogar o escorpião, que tenta picá-la. Porém é com o sapo que a fábula ganha o mundo.
Fica aqui a recomendação de sua interpretação cautelosa por quem gosta de metáforas e fala tanto em travessias, nesse momento politicamente tão complicado, pois não existem sapos com casco de tartaruga.
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