O “nada” refere-se à inação do governo e do Congresso diante de questões que dizem respeito a toda a população, não apenas às agruras de Madame ou à desfaçatez do deputado.
O que tem feito Executivo e Legislativo para enfrentar o desemprego crescente que nos assola? Cada um manipula os números conforme seus interesses, mas não errará quem supuser a onda de desempregados hoje beirando os dez milhões de cidadãos que já tiveram emprego ou estão preparados para exercê-lo mas encontram-se com as mãos abanando. Em outras palavras, enfrentando a fome e o abandono de suas famílias. Alguns países combateram com sucesso o desemprego, através da criação de frentes de trabalho patrocinadas pelo poder público e com a colaboração da iniciativa privada. A maioria das nações, porém, sofre como nós, ou seja, os males da indiferença do Estado e do empresariado. Alguém se anima a procurar na Esplanada dos Ministérios ou na Avenida Paulista entidades preocupadas em interromper o fluxo de demissões e restabelecer a criação de empregos, mesmo emergenciais? O máximo a que se chegou foi a oferta de diminuição de 30% dos salários, rejeitada por trabalhadores e empresários.
A consequência dessa onda de horror que nos cobre tem sido as greves. Cada vez mais categorias paralisam suas atividades e começam a ganhar as ruas. Breve passaremos da indignação ao desespero e à revolta, mas, no governo e nas entidades capitalistas, quem se interessa em elaborar e implantar um plano destinado a criar empregos?
As demissões geram as greves e essas levam à intranquilidade, quando não ao óbvio aumento da violência, tanto urbana quanto rural. A economia entrou em parafuso, o crescimento estancou. As projeções para o próximo ano surgem piores. Alguma coisa vai mudar, se uns tramam o impeachment da presidente da República e outros a cassação do presidente da Câmara?
Assiste-se a agonia do poder público e da iniciativa privada. No passado, costumava-se colocar frente a frente os comandantes de dois exércitos em choque para que decidissem suas diferenças pelas armas. Que tal convidar Dilma e Cunha para, em plena Praça dos Três Poderes, entregarem seus destinos ao acaso ou à melhor demonstração de sua honestidade? Pode ser uma solução, ainda que a assistência possa inclinar-se pelo empate, ou seja, dando um pela outra sem querer volta...
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