Aquário municipal lembra o Congresso, outro símbolo do Poder
A recente divulgação de vídeo promocional de Maricá (RJ),
essa Vila dos Patos, é um pequeno exemplo de como, através da arquitetura, o
poder resolve se implantar de vez. A apresentação de obras como teleférico, com
vista panorâmica, e aquário municipal não passam de mais uma aplicação da
arquitetura que pode estar intimamente ligada ao poder para atender aos
interesses de governo, e só dele. Bem esclarecedora sobre essa relação é a
reportagem de El País, “A arquitetura e o poder”:
“Há anos, Rem
Koolhaas declarou estar convencido de que sua sede para a televisão chinesa em
Pequim, um enorme arranha céu espetacularmente fotogênico, contribuiria para
levar o progresso e a democracia à China. Não ocorreu a ele que se já se
tem o símbolo não há necessidade de mudança. Pela mesma época, Normal Foster
concluía em Astaná, a atual capital do Kazaquistão, sua primeira interferência
urbanística na cidade: a imensa pirâmide do Palácio da Paz e Reconciliação. Bem
mais do que Nursultan Nazarbaiev – o presidente do país que, em 1997, fez
coincidir a fundação da nova cidade com o dia de seu aniversário -, Foster é o
grande protagonista da operação urbanística que quer transformar o antigo país
da estepe na primeira capital do século XXI. O último exemplo de como a melhor
arquitetura está servindo a regimes totalitários para enviar uma mensagem de
progresso adquire as formas curvas do novo edifício assinado por Zaha Hadid: o
Centro Cultural Heydar Aliyev. Construído em Bak (Azerbaijão), quer contribuir
para a modernização e, portanto, democratização, da antiga república soviética.
(...) É difícil querer vender progresso em um país governado, há 40 anos, por
uma mesma dinastia”.
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