terça-feira, 1 de setembro de 2020

Plenitude democrática deve ser a principal preocupação

São inúmeras as preocupações – que vão da política à economia – com o que ocorre de ruim em nosso país. Dentro dessa dupla cabe tudo que diz respeito ao ser humano, mas nem todo político e/ou gestor público sabe com precisão o que significa isso. E a preocupação com a plenitude democrática é, sem dúvida, a mais importante de todas.

Essa preocupação domina hoje, com certeza, a maioria do povo norte-americano. Os Estados Unidos, ao longo de muitos anos, com suas virtudes e defeitos, têm sido um dos melhores exemplos para os países que elegeram, como o nosso, a liberdade. A eleição de Donald Trump e, agora, a chance em potencial da sua reeleição só aumentaram a preocupação com o futuro próximo dessa grande nação.


Na convenção do Partido Democrata, as palavras de muitos dos seus mais expressivos filiados, mas, especialmente, do ex-presidente Barack Obama, da ex-primeira-dama Michele Obama, do senador Bernie Sanders e do próprio candidato Joe Biden foram claras quanto à preocupação com os riscos que corre lá o regime democrático. “É isso que está em jogo neste momento: a nossa democracia”, disse Obama. “O caráter nacional – afirmou Biden – está em disputa nas urnas” e, com ele, explicitou, “a decência, a ciência, a democracia”.

Aqui no Brasil, leitor, a situação é pior. As instituições democráticas têm sido ameaçadas à luz do sol pelo próprio presidente da República desde o início da sua gestão. Um pouco mais calmo durante alguns dias, por medo e movido por interesse eleitoreiros, o presidente voltou agora à sua costumeira grosseria, demonstrando que não merece o cargo que ocupa. Primeiro, no Nordeste, afirmou: “Problemas, todos nós temos, mas eu costumo dizer, com todo respeito, na política eu sou imbroxável”, e, orgulhoso, concluiu: “Não é só na política não porque eu tenho uma filha de 9 anos de idade que foi feita sem aditivo”.

Antes de tomar ciência do que disse o presidente no Nordeste, havia lido a entrevista do ator Tony Ramos que, perguntado sobre o que espera do Brasil como cidadão, respondeu: “Só vai me dar alegria o dia em que esse país for nação por meio da educação”.

Logo após, vi a notícia na televisão sobre as ameaças feitas pelo presidente, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, a um repórter de “O Globo” que havia perguntado a ele sobre repasses de R$ 89 mil feitos por Fabrício Queiroz à primeira dama Michele Bolsonaro: “Vontade de encher tua boca de porrada”, ameaçou o repórter. Dia seguinte, de volta ao seu normal, e depois de dizer que é um atleta, praguejou: “Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega um bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor”.

É esse, leitor, o perfil de presidente que você deseja?

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