O mesmo me aconteceu ao entrar no Correio da Manhã, aqui no Rio, para encontrar José Lino Grünewald, editor do Segundo Caderno. Eu lhe telefonara no jornal, dissera-me seu leitor e ele me convidou a ir lá num fim de tarde. Era janeiro de 1966 e eu ainda não fizera 18 anos. Cheguei ao prédio na Lapa, subi ao 2º andar e vi exatamente o que esperava —palavras em turbilhão. Um ano depois, José Lino me levou ao editor-chefe e saí de lá como repórter.
Pelos dois anos seguintes, eu viveria na rua, apurando atropelamento de cachorro, cobrindo passeatas estudantis (correndo da polícia e, numa delas, sendo preso) e entrevistando Kim Novak. E a Redação era uma continuação natural daquilo. Entrava quem quisesse: contrabandista de uísque, vendedor de loteria, diplomata, crítico literário, tudo gente suspeita. Nelson Cavaquinho e Ismael Silva, vizinhos do jornal, não saíam de lá. Para os repórteres, era uma escola —ou você era safo ou se tornava.
Pete Hamill, que morreu outro dia em Nova York, aos 85 anos, foi tudo no ramo: repórter, enviado especial a revoluções, colunista, editor. Suas ferramentas eram um bloco, uma caneta e uma agenda de telefones.
Hoje, todas cabem num celular e as Redações se tornaram lugares de família. Ninguém mais fala alto, metralha máquinas, compra uísque de contrabando, apaga o cigarro no chão e sequer fuma.
Pete Hamill, que morreu outro dia em Nova York, aos 85 anos, foi tudo no ramo: repórter, enviado especial a revoluções, colunista, editor. Suas ferramentas eram um bloco, uma caneta e uma agenda de telefones.
Hoje, todas cabem num celular e as Redações se tornaram lugares de família. Ninguém mais fala alto, metralha máquinas, compra uísque de contrabando, apaga o cigarro no chão e sequer fuma.
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