Na sequência, como que decidido a demarcar seu terreno antes de ser recolhido pela Polícia Federal, Lula declarou: “Se alguém quiser ganhar de mim no PT, só tem um jeito: é trabalhar mais do que eu e gostar do povo mais do que eu, porque se não gostar, não vai ganhar”. Foi como se Lula farejasse o risco de crescimento da banda minoritária do PT que prega internamente a necessidade de construção de uma alternativa à hipotética candidatura presidencial de um líder preso e ficha-suja.
Ao anunciar à multidão que cumpriria o mandado de prisão de Sergio Moro, entregando-se à polícia, Lula radicalizou o discurso. Disse que o encarceramento não iria silenciá-lo, porque seus apoiadores fariam barulho no seu lugar: “Eles têm que saber que vocês são até mais inteligentes do que eu. E poderão queimar os pneus que vocês tanto queimam, fazer as passeatas que tanto vocês queiram, fazer ocupações no campo e na cidade…”
Esse palavreado ácido tem efeitos negativos no campo jurídico e na seara política. Juridicamente, o timbre de Lula reforça uma linha de confronto que o transformou num colecionador de derrotas nos tribunais. Politicamente, o veneno de Lula condena o PT a reviver uma realidade da época em que fazia campanhas com o objetivo de converter os convertidos. O problema é que a multiplicação do amor dos devotos petistas por Lula não trará de volta os votos da classe média. Uma gente conservadora que acreditou na Carta aos Brasileiros, o documento em que Lula renegou o receituário radical que o impedia de chegar à Presidência da República.
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