Uma corte suprema não deveria ser fator de insegurança, com mudanças bruscas de rumo. Os mapas que norteiam os juízos não se alteram só porque a maioria passou a pensar diversamente.
Reflexos dos insultos subterrâneos à magistrada, plenos de machismo, vieram à tona tão logo a direção de seu voto ficou clara. Tal lógica condenaria o Judiciário ao imobilismo eterno, argumentam seus críticos mais civilizados.
Decerto ela fez opção entre dois valores jurídicos —a necessidade de evoluir e a de assegurar previsibilidade à expectativa dos agentes sociais. Preza mais o segundo, o que não significa anulação nem estrangulamento do primeiro.
O cumprimento de pena após a segunda instância tende a tornar-se regra sujeita a conjunto não desprezível de exceções. Prisões mal fundamentadas, alta probabilidade de sucesso nos recursos e falhas processuais graves têm justificado conceder liberdade ou relaxar o regime de detenção.
Se as instâncias inferiores se lambuzarem de punitivismo, os casos de revisão vão crescer ao longo dos próximos anos e isso poderá justificar mudança na jurisprudência. Esse é o voto da ministra Rosa, que não é Luxemburgo, mas cujo conservadorismo é quase revolucionário no Brasil.
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