sábado, 13 de janeiro de 2018

O povo que não chora

Charge O Tempo 13/01/2018

Começava Patrocínio a ser hostilizado pelos propagandistas da República, que o acusavam de haver abandonado as suas fileiras, lisonjeado pelo beijo que a Princesa dera no seu filho pequeno, quando, num "meeting", o grande abolicionista tentou falar.

- O Brasil... - ia começando, quando se deteve.

Atribuindo aquela pausa a um estado de decadência, a multidão começou a rir. Patrocínio olhou-a, do alto, e continuou:

- O Brasil... que somos nós?

Silêncio absoluto.

- Sim; que somos nós? - tornou.

E formidável:

- Somos um povo que ri, quando devia chorar!
Coelho Neto, Discurso na Academia Brasileira de Letras

Nenhum comentário:

Postar um comentário