Segundo consta, esta vetusta senhora atravessou toda a noite ingerindo bebidas alcoólicas - foi esta a conclusão dos funcionários do hotel, ao vê-la cambaleando pela portaria às 10h30 da manhã seguinte.
Preocupado com a segurança da criança que a acompanhava, o gerente do estabelecimento decidiu chamar a polícia. Tão logo chegaram, os agentes da lei foram exaustivamente desacatados após terem afirmado, à vista do bafo da distinta senhora, ainda trôpega, e das diversas taças de vinho vazias sobre a mesa, estar ela embriagada.
Em função desta conduta deplorável, que expôs a risco uma inocente criança, esta rica senhora viu-se condenada por um juiz ao pagamento de uma multa em torno de R$ 2 mil. Inconformada, decidiu recorrer.
Diante de um tribunal, sustentou ter sido forçada a confessar uma embriaguez que jamais existira - afinal, não havia ingerido três garrafas de vinho, mas apenas duas taças. Esclareceu que seu andar trôpego, naquela ocasião, devia-se a um problema de contração muscular nos pés que, volta e meia, faz com que seu passo seja irregular.
Aclarou, ainda, que sua desorientação, com toda a certeza, era fruto da combinação daquelas duas taças de vinho com medicamentos antibióticos que havia ingerido. Finalmente, reforçou que seu forte bafo, digo, hálito intenso, devia-se apenas às duas taças de vinho - que a conduziram suavemente para a cama às 11 horas da noite. Seria impossível, assim, que tivesse sido surpreendida embriagada às 10h30 da manhã seguinte no saguão do hotel.
Diante de tão convincentes esclarecimentos, esta impoluta senhora foi absolvida das acusações que lhe foram imputadas - o tribunal deu-lhe razão e cancelou a pena de multa imposta.
Convicto de que o nível de uma civilização pode ser medido pelo que seus juízes decidem, fico a pensar sobre a quantas anda o da nossa.
Pedro Valls Feu Rosa
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