sábado, 13 de janeiro de 2018

César, Lula e o Rubicão

Janeiro parece monótono. Parece, mas não é. E não será. Não gosto de abordar assuntos políticos, mas talvez se faça necessário este textinho, para alargar um pouco nosso pobre horizonte de povo com tão pobres escolhas.

O ex-presidente Lula vai atravessar o Rubicão em Porto Alegre (RS) no dia 24 de janeiro de 2018? Se sua condenação for confirmada pelo TRF4, estará proibido de concorrer?

Lula

Janeiro foi decisivo também para Júlio César. Em 49 a.C., portanto cinco anos antes de ser assassinado por seus inimigos do Senado, o famoso comandante militar e estadista romano voltava da campanha vitoriosa na Gália, mas estava proibido de atravessar o rio Rubicão, às portas de Roma.

Teve uma noite atormentada na véspera, dormiu pouco ou quase nada — a falta de sono lhe foi devastadora, ainda mais por ser epiléptico — perdeu-se à noite e no amanhecer do dia 11 viu que, seguindo um flautista que tocava uma linda música, alguns de seus homens já tinham atravessado o rio atrás do rapaz.

Num lance que definiu sua vida e a dos romanos, César reuniu suas tropas e atravessou o Rubicão citando em latim um verso de Menandro que ele tinha lido em grego: “Alea jacta est” (a sorte foi lançada). César gostava de resumir coisas complicadas a uma sentença. Na Gália dissera: “veni, vidi, vici” (vim, vi, venci). Era também muito supersticioso e viu no buliçoso movimento dos soldados um aviso para que rompesse a proibição e seguisse para conquistar o poder. Assim o fez.

Lula também o fará? Ele não lê nada e proclama não ser necessário ler nada. Mas tem uma formidável intuição, que raramente falha, como sabem aqueles que ele já derrotou. Mas inveja os saberes de FHC, que o derrotou duas vezes para a presidência da República. Entretanto FHC desejou a vitória de Lula, a quem passou a faixa, e não a de José Serra.

Deonísio da Silva:

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