A reforma enviada por Temer ao Congresso era ambiciosa. Coisa incompatível com sua impopularidade. Aconselhado a restringir a proposta ao tema quase consensual da idade mínima para a aposentadoria, o presidente deu de ombros. Alegou que sua base congressual era sólida. Enrolado na bandeira da austeridade, armou um campo de batalha, aprovou uma emenda constitucional instituindo um teto de gastos e seguiu em frente. Súbito, explodiu o grampo do Jaburu. E o governo perdeu o nexo.
Além da reforma da Previdência, naufragaram os planos do governo de aprovar neste ano um pacote de medidas fiscais que garantiriam a meta de 2018, que prevê uma cratera nas contas pública de R$ 159 bilhões. E o mesmo governo que dizia que a omissão do Congresso levaria ao Apocalipse agora considera plausível elevar sua previsão de crescimento econômico para o ano que vem. Em vez de 2%, o PIB crescerá 3%, informou o ministro Henrique Meirelles (Fazenda). Prestaria melhor serviço à coletividade se explicasse como fará para fechar as contas e impedir que o teto de gastos suba no telhado.
O economista Mário Henrique Simonsen, muito admirado por Meirelles, gostava de dizer que os brasileiros costumam ser otimistas entre o Natal e o Carnaval. Mas o governo, sob Michel Temer, exagera. Prepara-se para entrar na avenida de 2018 sem samba-enredo. Na comissão de frente, há um denunciado se fingindo de presidente e um presidenciável fantasiado de ministro da Fazenda. Atrás deles, desfila uma ala hipertrofiada da Lava Jato. Skindô-skindô.
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