À soma dos caixas 1 e 2, propinas, agrados, adjutórios e pixulecos, o brasileiro vê agora juntar-se o anunciado fundo de financiamento de campanhas para eleição de representantes inservíveis, senão corruptos.
Paga-se para entrar na panelinha de candidato, financia-se, em seguida, a sua cada vez mais cara campanha, e depois paga-se outra vez, mês a mês, para ver-se enganado durante todo o mandato. E esta é a única certeza que a política eleitoral tem trazido: nenhum eleitor será jamais decepcionado, pois sabe de antemão que o jogo se fará sempre contra os interesses do povo.
Agora mesmo, o teatro do Congresso se reabre para o escárnio de sempre.
No palco, cai o pano do perdão das dívidas dos agricultores. Sobe o pano, e abre-se o embate sobre o Refis do Grande Perdão, agora ao custo de R$ 13 bilhões.
Nenhum aplauso, nem vaia. Para quem assiste a esse enredo, está claro que a democracia de balcão para a governabilidade à brasileira acaba cara demais. Nem há mais protesto: a apatia é filha da descrença, o desencanto cívico é o prenúncio agourento das rupturas.
Dirão que é este o preço da democracia: ética e política não conhecem progressos; são o que são. Se for medir pela qualidade das leis que entrega o parlamento, parece estar esse serviço caro demais e a culpada não é a democracia: é a representatividade política e o exercício dessa política em desfavor de favores e interesses.
Mas, paciência, não é a primeira vez que o caos é maior do que o Brasil.
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