Em 2016, o PIB foi estimado pelo IBGE em cerca de R$ 6,266 trilhões (US$ 1,8 trilhões), o que situava a economia brasileira entre as oito maiores do mundo.
No entanto, em seu relatório sobre o desenvolvimento humano publicado em 2016, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) colocou o Brasil na 75ª posição, numa lista de 188 países classificados em função do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nessa lista, o Brasil fica em posição inferior à de países como o Sri Lanka, Cuba, Costa Rica e Malásia.
Na classificação pelo IDH, atribui-se importância secundária ao PIB (indicador puramente quantitativo) e avalia-se o bem-estar e o desenvolvimento das populações em função do acesso à educação, assistência médica, alimentação, saneamento, habitação, enfim, a tudo que se reflita na qualidade de vida dos indivíduos e da coletividade. Um país realmente rico não é apenas aquele que gera um grande PIB, mas aquele que investe racionalmente no campo social e distribui equilibradamente entre a população a riqueza criada.
Apesar da extraordinária riqueza natural, a qualidade de vida da maioria da população brasileira é degradante.
Em outras palavras, o Brasil é governado de improviso e administrado por políticos ignaros e corruptos, incapazes de definir estratégias inteligentes, para atingir objetivos realistas, compatíveis com as potencialidades do país.
Não sejamos ingênuos a ponto de pensar que a corrupção brasileira só começou no governo do presidente Kubitschek, com a construção de Brasília. Na verdade, o mal é antigo. Mas a grande escalada veio com o presidente Sarney e sua famiglia, principalmente no assalto ao sistema elétrico.
Seguiu-se o sarcástico FHC, pessoalmente sério, mas que deixou passar o imperdoável erro estratégico de privatizar grandes hidrelétricas — e, pior, já amortizadas e na bacia das almas.
Porém, é inegável que foi nos governos Lula, Dilma e Temer que se instalou o primado dos ladrões, institucionalizou-se a corrupção e consolidou-se a cleptocracia, ou corrupção como forma de governo.
Por força da sede de dinheiro e da perversão das relações entre presidentes, ministros, parlamentares, diretores de estatais e empresários sem escrúpulos, empresas estratégicas, outrora riquíssimas, como a Petrobras e a Eletrobras, foram esburgadas pelos cleptocratas. Muitos ex-presidentes e ex-diretores dessas estatais enriqueceram em seus cargos e estão soltos por aí.
Ao lado desses, há aqueles que preferiram entrar na politiquinha com p minúsculo, à espreita de vantagens pessoais. Foi um pulha desses, hoje deputado pelo PT-SP, que teve a desfaçatez de apresentar, no mês passado, um projeto de lei (a “Emenda Lula”), que aumenta de 15 dias para oito meses o prazo em que os candidatos às eleições de 2018 não poderão ser presos.
Velhacos assim ignoram o que vem a ser o múnus público ou a missão de um governo digno desse nome. E nem querem saber que, por culpa deles, o Brasil vive uma tragédia social, com episódios de guerrilha urbana cada vez mais frequentes e violentos.
Os píncaros da indecência foram galgados pelo presidente Temer, com o seu curioso gestual e sua vocação de comprador de deputados.
Diz o velho refrão português que “o peixe começa a se putrefazer pela cabeça”. Pois é isto que está acontecendo com o Brasil: a “cabeça” do país está podre. São parlamentares venais, ministros achacadores, certos empresários sem escrúpulos e até presidentes a ameaçar de gangrena o país inteiro.
A sociedade tem que reagir, promovendo uma completa substituição dos quadros políticos, algo semelhante ao que aconteceu há poucos meses na França.
Enquanto a cabeça podre não for removida, o Brasil seguirá caminhando no futuro do subjuntivo: Quando os políticos forem honestos, o país poderá desenvolver-se e os brasileiros sairão da miséria...
Joaquim Francisco de Carvalho
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