O progresso nunca vem só. Antes era a imprensa marrom maculando a comunicação. Mas seu alcance era limitado. De repente as redes sociais invadiram a vida do cidadão. É preciso resistir para não sermos absorvidos por elas. Cada um se sente no direito de ser o jornal de si mesmo. E vai escrevendo, publicando, dando sua opinião a torto e a direito, sem controle e sem critério. Quem diz o que quer ouve o que não quer. Daí esta infinidade de jornais e jornalecos borbulhando online.
Não consultam fontes, não vão as enciclopédias, não leem, não estudam, não pesquisam. Acham que o que pensam tem que ser ouvido e aceito pelos outros. É o império da verborreia. Resultado, as escolas foram invadidas por professores sem aulas.
Depois queixam-se de que o nível de ensino caiu muito. Não caiu, desabou. A consequência disso na política, então, é devastadora e aparecem líderes, falsos líderes, liderecos que o povo ouve e começa a seguir. É o exemplo típico de Lula que se vangloria de não ter estudado, não estudar e não gostar de quem estudou. É o país das jararacas, só servem para morder e envenenar. A consequência disso é uma distorção total da vida pública.
Em Salvador, o advogado Antonio Pessoa Cardoso, diante da “delação premiada” de Joesley Batista, foi certeiro:
– “Não se pode aceitar como delator criminoso confesso que obtém a permissão de autoridades para esmiuçar a vida alheia e “fabricar” provas com gravações e outras artimanhas com o objetivo exclusivo de livrar-se de processos e da cadeia. A prova preparada para obter o perdão não condiz com o sistema legal de delação. A sensação de tornar-se herói no mar de lama que vivemos permite o uso de todos os recursos”.
Os benefícios exagerados concedidos pela PGR (Procuradoria Geral da República) e, agora, homologados parcialmente pelo STF, não são matéria consensual. Alguns ministros do Supremo votaram pelo respeito legal ao princípio das delações, mas destacaram que, no caso JBS, se sólidas provas factuais não se sustentarem, a anulação dos benefícios pessoais obtidos poderá acontecer.
A rigor, na vida republicana brasileira, a corrupção alastrou-se pelas artérias da nação. E tem na sua estrutura de poder, em todos os níveis, o principal responsável. É muito mais ampla do que os fatos até agora investigados vêm comprovando. A aliança de corruptores o corruptos no Brasil não mais é fato recente. O dinheiro público foi drenado e assaltado em velocidade de “fórmula 1”. Grupos oportunistas apelidados de campeões nacionais do desenvolvimento deitaram e rolaram.
Quem não se lembra de Eike Batista, que queria ser o homem mais rico do mundo? Suas empresas viraram pó e atualmente cumpre prisão domiciliar.
Os outros Batistas, os irmãos Joesley e Wesley, montaram a maior empresa do mundo em proteína animal, com dinheiro público. De média empresa em 2003, a JBS em 2006 já faturava R$ 4 bilhões. Graças ao financiamento público em escala incontrolável e sociedade com o BNDES.
Com os bilhões que acumulam os corruptos põem a seu serviço exércitos de falsos jornalistas escondidos atrás de redes sociais. São os filhos da imprensa marrom.
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