Só não dizem como. Com greves gerais? Quebradeira? Luta armada?
O mote e a peça, já impressa, estarão em todos os cantos. Nas viagens de campanha programadas por Lula (o circuito começa em agosto e inclui 22 cidades) e nas tentativas dos ditos movimentos sociais de colocar gente na rua, a primeira delas na próxima quinta-feira, 20.
Diante da sentença do juiz Sérgio Moro condenando Lula a nove anos e seis meses de prisão, é até compreensível o esperneio do PT. Tentar empolgar a militância, manifestar, ocupar as ruas é parte saudável da democracia. Mas fazê-lo tendo a mentira como premissa são outros quinhentos.
O slogan “eleição sem Lula é fraude” é exatamente isso: ludibrio, tapeação. E agride frontalmente a Justiça, um dos tripés da organização do Estado democrático.
Lula foi denunciado, exerceu seu direito de defesa e, ao fim e ao cabo, considerado culpado no primeiro dos cinco processos que correm contra ele. Poderá recorrer em liberdade, uma concessão que nem todos têm. Se sua sentença for mantida em segundo grau, ficará inelegível, impossibilitado de disputar eleições.
No máximo, vai se igualar a outros tantos que tiveram suas candidaturas impugnadas. Só em 2016, a Lei da Ficha Limpa barrou 2.300 candidatos. E isso não fez com que o pleito do ano passado fosse considerado uma farsa.
Mas o PT não vislumbra alternativas. Vai insistir na falácia de que Moro persegue Lula assim como fez com a presidente deposta Dilma Rousseff, quando transformou um rito constitucional em golpe.
O patético protesto de ocupação da mesa diretora do Senado, liderado por Gleisi, interrompendo a votação da reforma trabalhista, que acabou aprovada por acachapantes 50 votos a 26, encontra-se na mesma linha torta de apelo antidemocrático.
Sem argumentos, substituiu-se o legítimo direito à obstrução parlamentar por vandalismo. Tivesse algum juízo ou inteligência, a votação seria impedida dedicando-se, por exemplo, a ocupar a sessão com a leitura da CLT. Instruída não pelos votos que recebeu dos paranaenses, mas pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, Gleisi nem pensou nisso.
A atenção da primeira mulher a presidir o PT pairava em outra seara, mais precisamente no primeiro processo em que uma senadora se tornou ré. Ao lado do marido Paulo Bernardo (ex-ministro de Comunicações de Dilma e do Planejamento de Lula), Gleisi é acusada de receber doações ilícitas com dinheiro desviado da Petrobras. Arrolou Lula como testemunha de defesa e dele obteve apoio total na oitiva realizada em São Paulo, a mando do ministro Edson Fachin, cinco dias antes de ela reincidir na ameaça à nação caso o ex fique fora da disputa em 2018.
Define-se aí uma ligação de lealdade que extrapola o dia a dia da política. Ambos são fiadores e devedores um do outro.
Gleisi é uma militante aguerrida. E Lula usa e abusa da energia dela. É hoje a melhor -- talvez única -- ponta de lança do ex, que parte para o confronto e se esgoela na tribuna do Senado.
Ali ela tripudia adversários, anima partidários, fala aos fiéis. Grita contra Moro, chamando-o ora de “animador de torcida”, ora de “covarde”. Critica a mídia, que, segundo ela, é o público que o magistrado curitibano queria agradar ao proferir a sentença contra Lula.
Encarna o que o PT sabe fazer de melhor: empina o nariz, deixando-o livre para pinoquiar.
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