Os políticos brasileiros citam repetidamente Deus em seus discursos. Muitos têm a Bíblia em seus escritórios. Lembro que a vi também no do então presidente Lula. Por isso, poderíamos trazer aqui as palavras do rei Salomão que escreveu no Eclesiastes: “Há tempo de ficar calado e tempo de falar” (Eclesiastes 3) Palavras que podem ser aplicadas também para a política brasileira, à qual parece faltar tempo para refletir. Trata-se de um momento crítico para a democracia do país, conquistada com tanto esforço por aqueles que lutaram pelas liberdades e por uma justiça para todos, sem privilegiados.
E não excluo nenhum poder. Tampouco o dos meios de comunicação, considerados como o quarto poder, onde sobram muitas vezes rumores e excessiva urgência de exclusivas, enquanto falta ponderação e seriedade informativa. A sabedoria não tem tempo. Foi analisada e exaltada desde a antiguidade. Não será sua ausência que está incendiando este país, onde os valores foram invertidos: se calam aqueles que deveriam falar e gritam aqueles que deveriam armar consensos em vez de semear discórdia? Talvez tenhamos chegado à urgência de reunir pedaços de sensatez em vez de continuar “jogando pedras uns nos outros”.
O texto bíblico que nos serviu para escrever esta coluna diz também que “a irritação injusta não se poderá justificar”. Nada pior, realmente, para o Brasil no momento atual que tentar justificar a ambição dos injustos (leia-se corruptos), ou a de trabalhar, desde as altas esferas da responsabilidade, para tentar salvá-los. A Bíblia lembra que “quanto maior a sabedoria, maiores as preocupações” e que “aumentar os conhecimentos traz consigo o aumento de aflições”. Às vezes, no entanto, aqueles que supostamente deveriam ter muita sabedoria e ciência, em vez de preocupações preferem os louros, e em vez das aflições do silêncio preferem o deleite dos aplausos.
E é, por fim, o autor do Eclesiastes que afirma: “Observei também isto sobre a Terra: é que a maldade reina onde o direito deveria ser aplicado e onde deveria ser feita justiça.” Um ditado diz: “Tanto barulho por nada?” O melhor da História costuma ser encontrada em seus silêncios.
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