As nuvens que estão ali agasalhadas numa quase baixa altura um pouco acima do sol nascente devem ser as vencedoras de alguma olimpíada que a noite distraída encomendou.
Vencedoras da corrida e por isso, só por uma madrugada, amancebadas com o sol, as nuvens agora se banham em raios dourados que refletem sobre as águas do lago realçando o branco das garças, o verde das arvores e o cinza dos prédios ao longe em derredor.
Isso tudo e mais o enorme azul que se esparrama pelo céu denunciando os arquipélagos das nuvens fracas, sem brilho.
Penso no Eclesiastes 4/1 –“ Depois, voltei-me e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lagrimas dos que foram oprimidos e dos que não tem consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles os oprimidos, não tinham consolador.”
É terrível viver sob a opressão e não ter em quem confiar. Não que faltem profetas. Há profusão deles. Não que a indiferença campeie sufocando os clamores nas cidades e nos campos, inclusive os rumores das selvas seculares.
São incontáveis os que se digladiam querendo a confiança dos oprimidos. A diferença, contudo, é enorme entre obter a confiança e se manter confiável para vencer as refregas em favor dos oprimidos. A história dos que padecem de fome de direitos e de sede de justiça tem páginas e mais páginas manchadas pelas tintas da decepção popular.
Os que não se desgarram da verdade tem dificuldades enormes para obterem a confiança dos oprimidos, o que é compreensível porque as pessoas que sofrem a opressão têm pressa, querem estar livres dos que lhes aperreiam o quanto antes.
Quem é comprometido com a verdade não transige com a mentira. Sabe que concretamente nada é possível de uma hora para a outra. As coisas devem ser feitas com eficácia duradoura. Nada de arremedos.
O líder de verdade não cede à ilusão das promessas miríficas, aliás, não cede a ilusão nenhuma. Pode despertar esperanças? Sim. Afinal, agarrar-se a uma esperança não é agarrar-se a uma ilusão.
A mentira que move os falsos profetas, e eles são tantos e até incontáveis, é pródiga nas miríades, convincente nas promessas inalcançáveis que eles inventam e despertam. Compreensível que os oprimidos mais se inclinem em confiança aos falsos profetas.
A multidão condenada à opressão das desigualdades sociais, à tirania dos seus direitos, à sonegação da sua dignidade, à cegueira da desinformação pela falta total de instrução escolar, é presa fácil da demagogia, a qual nem existiria se o seu oxigênio não fosse a mentira.
Demagogo é o especialista em dizer às pessoas aquilo que elas estão exatamente querendo ouvir. Não lhe interessa se o que diz é viável, se tem alguma aparência de verdade ou se é descarada mentira. Interessa, sim, atrair a confiança da multidão ou de uma só pessoa para depois então vitima-la, lhe frustrando a esperança não sem antes usufruir tudo nos dividendos que a eventual liderança possa arrecadar.
Penso no Eclesiastes – “depois me voltei e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol”. Os oprimidos nem sempre tem ao seu lado quem verdadeiramente os represente e os console.
As nuvens que amanheceram hoje agasalhadas sob o sol já se banharam com os raios dourados e já flutuam no azul, vestidas de algodão. Amanhã serão outras.
Edson Vidigal
Vencedoras da corrida e por isso, só por uma madrugada, amancebadas com o sol, as nuvens agora se banham em raios dourados que refletem sobre as águas do lago realçando o branco das garças, o verde das arvores e o cinza dos prédios ao longe em derredor.
Isso tudo e mais o enorme azul que se esparrama pelo céu denunciando os arquipélagos das nuvens fracas, sem brilho.
Penso no Eclesiastes 4/1 –“ Depois, voltei-me e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis que vi as lagrimas dos que foram oprimidos e dos que não tem consolador, e a força estava do lado dos seus opressores; mas eles os oprimidos, não tinham consolador.”
É terrível viver sob a opressão e não ter em quem confiar. Não que faltem profetas. Há profusão deles. Não que a indiferença campeie sufocando os clamores nas cidades e nos campos, inclusive os rumores das selvas seculares.
São incontáveis os que se digladiam querendo a confiança dos oprimidos. A diferença, contudo, é enorme entre obter a confiança e se manter confiável para vencer as refregas em favor dos oprimidos. A história dos que padecem de fome de direitos e de sede de justiça tem páginas e mais páginas manchadas pelas tintas da decepção popular.
Os que não se desgarram da verdade tem dificuldades enormes para obterem a confiança dos oprimidos, o que é compreensível porque as pessoas que sofrem a opressão têm pressa, querem estar livres dos que lhes aperreiam o quanto antes.
O líder de verdade não cede à ilusão das promessas miríficas, aliás, não cede a ilusão nenhuma. Pode despertar esperanças? Sim. Afinal, agarrar-se a uma esperança não é agarrar-se a uma ilusão.
A mentira que move os falsos profetas, e eles são tantos e até incontáveis, é pródiga nas miríades, convincente nas promessas inalcançáveis que eles inventam e despertam. Compreensível que os oprimidos mais se inclinem em confiança aos falsos profetas.
A multidão condenada à opressão das desigualdades sociais, à tirania dos seus direitos, à sonegação da sua dignidade, à cegueira da desinformação pela falta total de instrução escolar, é presa fácil da demagogia, a qual nem existiria se o seu oxigênio não fosse a mentira.
Demagogo é o especialista em dizer às pessoas aquilo que elas estão exatamente querendo ouvir. Não lhe interessa se o que diz é viável, se tem alguma aparência de verdade ou se é descarada mentira. Interessa, sim, atrair a confiança da multidão ou de uma só pessoa para depois então vitima-la, lhe frustrando a esperança não sem antes usufruir tudo nos dividendos que a eventual liderança possa arrecadar.
Penso no Eclesiastes – “depois me voltei e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol”. Os oprimidos nem sempre tem ao seu lado quem verdadeiramente os represente e os console.
As nuvens que amanheceram hoje agasalhadas sob o sol já se banharam com os raios dourados e já flutuam no azul, vestidas de algodão. Amanhã serão outras.
Edson Vidigal
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