Ao mesmo tempo, o multidenunciado Renan Calheiros ameaça a independência do Ministério Público e do Judiciário com leis aparentemente justas contra abusos de autoridade, mas que podem ser manipuladas pelos interesses dos políticos ameaçados pela Justiça e virar o jogo. Os primeiros alvos seriam os procuradores e policiais da força-tarefa da Lava-Jato e os juízes: no surrealismo brasileiro, os xerifes serão julgados pelos bandidos.
Numa ação rápida e heroica, um grupo de parlamentares de pequenos partidos de oposição denunciou e fez abortar a conspiração multipartidária da anistia do caixa dois em cima da hora. Mas os que estão sujos na Lava-Jato são brasileiros, não desistem nunca: eles são muitos, andam em bandos e, quando a manada é ameaçada, se unem e são capazes de tudo.
Na Itália, a Operação Mãos Limpas começou a naufragar quando os partidos tradicionais foram destruídos e os políticos desesperados por impunidade votaram leis que limitaram a ação do Judiciário e abriram caminho para leniências e anistias — e para Berlusconi e seus novos corruptos, entre eles, os velhos, em novos partidos. A Itália ficou pior, e a política continuou tão suja como antes da Mãos Limpas.
Enquanto isso, em Brasília...
Nelson Motta
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