Os resultados do Ideb mostram estagnação do ensino fundamental em baixíssimas notas – 5,5 e 4,5 – em seus dois níveis e mostram o retrocesso do ensino médio, em pleno século XXI, com a vergonhosa nota 3,7. Por essas notas, o Brasil foi reprovado em 2015. Essa média é ainda mais assustadora se levarmos em conta que metade das crianças brasileiras ficam fora da avaliação por ter abandonado a escola antes do ensino médio – com a nota desse grupo, o Ideb seria muito menor. O Ideb também não reflete plenamente a gravidade de nosso problema educacional, se lembramos que ele não indica a brutal desigualdade na educação de nossas crianças conforme a renda das famílias nem mostra que outros países estão ultrapassando o Brasil, oferecendo melhor educação a suas crianças.
Essa calamidade deveria ser tão visível quanto a seca no Nordeste, a avalanche em Mariana, as filas de desempregados e a falência financeira do Estado brasileiro. Mas nossos governos têm sido cegos para percebê-la. Por isso, nossos presidentes não manifestaram até hoje horror diante dessa tragédia, não declararam calamidade histórica, não indicaram o que deve ser feito para o Brasil enfrentar a maior e mais duradoura de nossas crises.
Bastaria uma política decidida para, ao longo de alguns anos, substituirmos as deficientes escolas estaduais e municipais por escolas federais, cujos Idebs estão se aproximando da nota 7. Esse enfrentamento permitiria superar a crise social e econômica que assola o país.
O abandono da educação, que o Ideb 2015 indica, é uma das causas da crise econômica, que provém sobretudo da baixa produtividade e da irrisória capacidade de inovação; a violência, a corrupção, o populismo, a irresponsabilidade fiscal têm como uma das causas a deseducação geral.
Talvez esta seja a maior de nossas calamidades, que o Ideb tem mostrado ao longo dos últimos anos: os governos descomprometidos com a educação e, por omissão, condenando o futuro de nosso país. Pior é, no lugar de despertarmos, usando o Ideb para corrigir essa calamidade histórica, algum governo tomar a iniciativa de parar de estimar o Ideb, como um médico curando a febre ao quebrar o termômetro.
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