O juiz Sérgio Moro mandou prender e depois soltou Mantega porque ele estava em um hospital de São Paulo acompanhando sua mulher, preste a ser operada. Moro alegou tratar-se de “questão humanitária”.
Foi isso ou Moro, espertamente, quis esvaziar o discurso do PT de que cometera uma barbaridade prendendo um homem no momento em que sua mulher mais precisava dele? Foi mais político do que juiz?
Questão humanitária não pesou na hora em que José Genoíno, ex-presidente do PT, foi trancado em uma cela da Papuda, penitenciária de Brasília, apesar de seu estado clínico exigir severos cuidados.
O empresário José Carlos Bumlai foi solto outro dia depois que se descobriu que sofria de câncer. Pois um dia desses voltou a ser preso apesar do câncer.
Está para se conhecer a história do procurado pela polícia que escapou de ser preso porque sua mulher, paciente do SUS, ia começar a ser operada. Ou todos são iguais perante a lei ou não são.
A distância entre o andar de cima e o de baixo é muito mais abissal do que sugere de pronto a imagem. Vozes famosas exprimiram seu horror com a situação vivida por Mantega.
“Foi uma violência”, decretou o ex-ministro Delfim Netto, que ontem tinha um almoço marcado com seu colega. “Foi constrangedor para todos”, disparou Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
Voz alguma comentou o motivo pelo qual Mantega foi preso durante quatro horas. Ele é acusado de ter pedido R$ 5 milhões ao empresário Eike Batista para pagar dívidas do PT contraídas nas eleições de 2010.
O mais longevo ministro da Fazenda da história do Brasil, o responsável, em parte, pela ruína da economia, foi também aquele que usou o poder do seu cargo para tomar dinheiro de empresário.
Tenho a impressão de que isso é mais triste e mais grave do que o fato de agentes federais terem prendido Mantega na porta de um hospital.
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