domingo, 10 de abril de 2016

Impacto profundo

É uma agonia acompanhar a dificuldade que a esquerda, o PT e ainda muitos no Brasil têm em entender as consequências de gastar além das possibilidades. Em seu terceiro ano consecutivo de deficit e ameaçado de cair justamente pelas “pedaladas fiscais”, o governo Dilma segue forçando a barra para aumentar o já insuportável desequilíbrio nas contas públicas.

Quer isso: 1) via redução dos pagamentos de dívidas de Estados e municípios, ao custo de R$ 10 bilhões ao ano; 2) pelo abatimento em sua meta fiscal de quase R$ 100 bilhões para compensar quedas na receita e bancar investimentos; e 3) ao cobiçar que o Banco Central volte a emitir títulos, o que foi vetado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (em 2000).


Esta última medida substituiria o uso de títulos do Tesouro por papéis do próprio BC como lastro nas operações de política monetária.

Complicado? Um bom pedaço da dívida bruta contabilizada no Tesouro sumiria sem ter sido paga.

A trajetória da dívida pública é nosso grande problema de fundo. Ela indica se corremos o risco de quebrar, com consequências não excludentes: calote em quem tem dinheiro no banco, superinflação e uma crise que traria saudades de 2015.

Entre 2013 e 2014, a dívida bruta aumentou 2,2 pontos, chegando a 59% como proporção do PIB. Mas, no ritmo atual, terá dado um salto de 16 pontos no primeiro biênio de Dilma 2. Para o final de 2018, já há quem a projete em quase 85% do PIB.

O interessante (e educativo) é que a explosão de gastos e as “pedaladas” de Dilma para expandir programas sociais e estimular a economia tiveram o efeito inverso.

É justamente o excesso do remédio que está matando o doente, fazendo do período atual o primeiro em um quarto de século em que desigualdade e renda pioram juntas no Brasil.

É como se mercado e os mais bem informados se encolhessem instintivamente pressentindo que, sem controle nos gastos, o pior está por vir.

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