sábado, 23 de janeiro de 2016

A inteligência burra


A declaração de Lula de que “não há vivalma neste país e no mundo mais honesta que eu” apenas enriquece o já de si colossal folclore desta era, que no futuro será estudada como um período de ocaso da inteligência e da sanidade mental.

Lula disse ainda, a uma plateia amestrada, de jornalistas subsidiados pelo estado (contradição em termos), que “pode até haver (gente tão honesta quanto ele), mas acho difícil”, numa demonstração comovente de humildade – e de cara de pau.

Tal declaração – dita no momento em que se avolumam os sinais de que comandou a maior rapina da história mundial - se soma a outras, igualmente insanas, como a da homenagem à mandioca, “uma das maiores conquistas da humanidade”, proferida pela inigualável Dilma Roussef, que também disse que o “vírus do mosquito zica (sic) é transmitido pelo ovo”.

Não vale a pena – nem é o caso, nem haveria espaço para tanto – examinar as declarações em si. São inúmeras. Quem quiser se aprofundar no tema, dispõe de dois livros bem ilustrativos: o “Dicionário Lula”, de Ali Kamel, e o “Dilmês, o Idioma da Mulher Sapiens”, de Celso Arnaldo Araújo. Recomendo. Serão indispensáveis ao historiador do futuro.

Essencial é indagar como – e por que – a burrice e a ignorância subiram ao pódio e governam o país há tantos anos. Se Dilma concluir o seu mandato, o que é rejeitado por mais de dois terços da população, terão sido 16 anos de petismo no poder.

O partido, criado em 1980, foi forjado, no final da década dos 70 nas universidades paulistas (USP, Unicamp, PUC etc.), por intelectuais esquerdistas. Tinha como vitrine o sindicalismo que emergia das greves do ABC, com Lula à frente.

Foi apresentado como novidade, independente, embora, como se vê, não o fosse. O instinto peleguista que hoje exibe faria corar Getúlio Vargas, Peron e Mussolini. “Nunca antes”, diria Lula.

Mas é interessante notar que foram justamente os intelectuais os responsáveis pela queda do padrão intelectual – e, em decorrência, moral – que o partido introduziu na política nacional. Firmou-se perante o público com um discurso moralista, acusatório, que fugia ao debate com o conhecido truque erístico de demonizar o adversário, desacreditando-o previamente.

Se não havia algum delito à vista, o partido tratava de fabricá-lo, por meio de militantes infiltrados no Ministério Público (a propósito, onde anda o procurador Luiz Francisco de Souza, o Torquemada?). O truque era eficaz: um jornalista amestrado publicava uma nota, segundo a qual havia “rumores” no Ministério Público de que determinado delito “teria” ocorrido no governo.

Com base na nota, Luiz Francisco (havia outros, mas ele se destacava) abria um processo investigativo, que era sucedido por um pedido de CPI na Câmara ou no Senado. Instalava-se a gritaria, ainda que nada tivesse ocorrido. Lula dizia que “quanto mais CPI, melhor” – o inverso de sua prática no poder.

Em resumo, eis a receita: acusação sem provas, demonização de adversários, desgaste do governo, afirmação do papel moralista e moralizador do PT.

Dois episódios, entre numerosos outros, ficaram célebres: as acusações de corrupção a Eduardo Jorge, chefe da Casa Civil de FHC, e a Ibsen Pinheiro (PMDB), ex-presidente da Câmara, que acabou cassado. Posteriormente, a farsa foi desvendada, mas os danos já tinham ocorrido – e eram irreparáveis.

Com essa estratégia predadora, o partido chegou lá, deixando muitas vítimas no caminho – inclusive dois cadáveres do próprio PT: os prefeitos Celso Daniel (Santo André) e Toninho do PT (Campinas). Lula, claro, não quer CPIs para esses casos.

“Um outro país é possível”, proclamavam os petistas. De fato, não mentiam: outro país se instalou – e é este: o da mandioca, do Petrolão, da ruína moral e econômica, soma nefasta de burrice, desonestidade e violência.

A violência tem algumas siglas: MST, MTST, CUT, MPL (Movimento Passe Livre), que contam com a colaboração das milícias dos Black Blocs, em plena atividade há dias no Centro de São Paulo. Foi preciso que uma crise econômica de proporções avassaladoras se instalasse para que a sociedade despertasse do torpor em que se encontrava, ocasionando as maiores manifestações de rua da história do país. Os escândalos mostraram a verdadeira face de Lula e de seus aliados.

Mas o ponto central é outro: o único foco de resistência à saída do PT do poder são justamente os intelectuais – escritores, artistas renomados, professores universitários. São os maiores (únicos) defensores da permanência da burrice no comando do país – burrice e desonestidade. Relativizam os escândalos, acusando a justiça e a imprensa (que em grande parte ainda minimiza o que ocorre). É espantoso que a burrice tenha como defensora a inteligência (ou o que deveria expressá-la).

Buscam argumentos convincentes e apenas mostram que foram contaminados pela burrice que patrocinam. Acusam a multidão de milhões que protestam – mais de dois terços do país -de “fascista, reacionária, coxinhas”.

Desprezam o conteúdo do protesto e negam evidências – inclusive a crise econômica e os escândalos, mesmo os confessados -, sustentando que a culpa da febre é do termômetro.

Há ao menos aí uma coerência: o PT sobrevive graças ao núcleo que o gerou – e degenerou: intelectuais esquerdistas e pelegos sindicais, que aparelharam as principais entidades da sociedade civil”: ABI, OAB, UNE, CNBB.

O povo caiu na real - e, se algum benefício teve, a crise econômica (made in PT) tratou de revogá-lo. Não era benefício, era um truque. O demagogo é sabido, mas não é sábio – e esperteza (viu Marina) é uma rede, mas sem sustentabilidade alguma.

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