Como tal, não poderia deixar de registrar que o grande Augusto Nunes não poderia estar em melhor companhia neste elegante condomínio. É claro que não quero estragar a festa com minhas inconveniências observacionais, nem errar de andar ao comentar aqui mesmo o que vai no andar de baixo, em mais um dos editoriais do jornalão, sobre “A grande obra de Dilma”. É que existem textos e textos, meus caros. Se estes aqui são primorosos na urdidura e na tessitura, desnudando um caráter e uma mentalidade que acompanham a pior presidonta, presidanta, presidinta que o Brasil já se esmerou em ter, o andar de baixo é recheado de superficiais iguarias.
Sim, porque o jornalão se empenha em desfilar fatos e números com competência e talentos inquestionáveis, mas esquece de dar a linha mestra pela qual se deu todo o desastre que ele descreve de forma avassaladora. O pior da presidência ainda não é tudo aquilo que o editorial ali perfilou de forma tão correta e ordeira. O pior dessa presidência é o que não se lê nessa “mídia”, da qual o jornal também é parte inquestionável. “Pode-se afirmar”, como “vende-se frango”, que todos os tijolos estão ali, mas não se vê a construção intelectual em andamento.
A sequência de desastres protagonizados pela mandante atual, em conluio com todo o séquito de mandantes anteriores, só faz sentido pleno quando vista como parte de um plano, de uma mentalidade e de uma seita, que se apoderou do Brasil sem que este se manifestasse, como se rouba uma galinha ou se furta um doce de uma criança. A mulher barbada, alvo de ambos os analistas, Celso Arnaldo por Tina Boots e a descrita no editorial em referência, são absolutamente a mesma pessoa. Indissociáveis.
Como tal, não adianta olhar a sucessão de estragos como uma sucessão de acidentes de um percurso errático, de uma idiotia cristalizada, mas sim como uma trama meticulosamente mal ensaiada e cuidadosamente mal elaborada para vender uma ideologia manca que não pára em pé, e não presidir um país. É nesse hiato que nos equilibramos, meus caros. No silêncio constrangedor de quem foi pego com o tailleur na botija e procura se desmentir agora, buscando palavras desconexas lá no cantinho dos olhinhos revirados. É a sanha e a senha da mentira.
Quando se quer ser muito esperto sendo burro, o resultado é um Lulão, sua cria, cuja língua virou livro e o país que eles pilharam, porque era, essa desde a mais tenra ideia, a verdadeira natureza destes três calhordas, reunidos neste amarfanhado pesadelo. Cada um tem a parcela de culpa que lhes cabe neste latifúndio. Ela porque não governa. Ele porque goza de privilégios esquisitos – não escritos em nenhum manual de boas maneiras – e não vai preso. E o país porque acata a falsa legitimidade de ambos como algo absolutamente natural; e não é. É sim a falsidade, que transborda em certos editoriais que descrevem o tijolo, mas não mostram a verdadeira obra em construção. Isso é coisa das esquerdas. O cheiro é inconfundível.
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