Dizia meu mestre que a humanidade de hoje não passa de um adolescente de 17 anos. Milênios faltam para a “Cidade do Sol”, a sociedade apaziguada pela sabedoria e pela felicidade. Ainda precisa “construir” e “servir a uma causa” que dignifique e ordene a vida do homem. Disso nascem a autoestima e o sustento material, a harmonia entre semelhantes.
Não se consegue imaginar medidas para reestruturar uma economia nacional, como se tenta agora, desestruturação dos setores produtivos que geram trabalhando e renda.
Os mentores do maior desajuste fiscal enfrentado pelo Brasil, da disparada do descrédito e da moeda nacional não se preocupam nem pensam em medidas mitigadoras voltadas a manter a ocupação. Nada.
Incapazes, incompetentes, despreparados povoam o cenário do governo. Tem também por parte das lideranças empresariais um estonteamento, uma incapacidade de reação, falta de propostas. Fica a cada dia mais improvável acreditar nas medidas desagregadoras ditadas por banqueiros à nação.
Os últimos 25 anos de crescimento constante, ameaçado apenas por “marolinhas”, criaram uma geração de executivos acostumada à moleza. Os sobreviventes do caos das décadas de 70 e 80 morreram ou ficaram analógicos em plena era digital.
O embalo do maior crescimento econômico de todos os tempos se deu quando alguns bilhões de indivíduos no planeta passaram do estado de sobrevivente para aquele de consumidor, especialmente na superpovoada Ásia. Isso definitivamente parou. Sobreviverá quem tem estrutura e capacidade real.
Com o refluxo recessivo, a onda volta ao mar e deixa os entulhos que trouxe, as ineficiências, as coisas malfeitas, os erros à mostra, também como foram perdidos em farras e gastanças os fartos dividendos.
As cigarras se calam, apenas as silenciosas formigas sobrevivem no inverno. Enxergam-se os entulhos da transposição, do pré-sal, dos estádios vazios, parecem devaneios os trens-bala, as maluquices do grupo X, que não têm uso ou conserto.
O barril de petróleo caiu pela metade, e a gasolina subiu neste ano 40%. Dinheiro de royalties nem um centavo, não deram alento à saúde nem à educação. O Congresso Nacional brigou dois anos como se os royalties fossem um monte de dinheiro, e não um punhado de moscas.
E que acenos de saída desse túnel de desespero existem?
Pregam que aumentar impostos num país que já passou do limite da capacidade de suportar a carga será a solução! Esquecem que indústrias e setores ligados à produção foram esmagados e que a credibilidade nacional deixou em pânico o mundo. Os dólares não param de sair, já subiu quase 50% em oito meses.
Apesar disso tem gente que não desanima. Nos últimos dias voltei a Brasília, levando debaixo do braço uma proposta elaborada entre amigos, que pode aumentar o PIB em 2,5% em 2016 e gerar a arrecadação que falta. Sem prejuízo para ninguém, ainda promovendo despoluição ambiental e reduzindo a dengue, doenças pulmonares, vítimas de trânsito, e acrescentando 940 mil empregos com R$ 30 bilhões de arrecadação extraordinária.
A vantagem de quem colaborou com esses planos é que eles vêm de pessoas que não jogam a toalha e sabem fazer acontecer, mais que explorar o poder e os cofres públicos. Sempre há uma possibilidade de vencer obstáculos. E a proposta que elaboramos não tem possibilidades de corrupção, nem cede a soberania nacional, nem desemprega ou provoca sofrimentos desnecessários.
A proposta parte de exemplos recentes, de nações mais avançadas que a nossa, onde deu certo.
Verdade é que temos nas ruas uma frota obsoleta e nenhum incentivo a renová-la. Mais de 3 milhões de caminhões, e 1 milhão desses com mais de 30 anos de uso, que emitem CO2 50 vezes mais que os caminhões de última geração. Aquecimento global vem disso aí.
Ainda circulam mais de 10 milhões de veículos de passeio acima de 25 anos de uso com elevada emissão de poluentes por não terem injeção eletrônica, descarga catalítica ou predisposição para o flex.
Ajudar a substituir o que é um perigo para o trânsito e a saúde pública é factível em larga escala, sem obrigar ninguém, mas apenas dando incentivos de forma razoável e sustentável. O plano mostra como mais de 8 milhões de veículos teriam seu fim de vida antecipado por veículos menos poluentes nos próximos cinco anos.
Balizado em estudos sérios, nos exemplos externos, em contas de economistas “reais”, isso daria até 2 pontos de PIB, mais 1 milhão de veículos vendidos por ano, uma arrecadação extra de R$ 25 bilhões e a geração de 900 mil empregos.
Nesse caso a roda voltaria a girar e gerar aumento de arrecadação para os municípios com o recolhimento de carcaças e carros abandonados – combatendo, assim, a poluição visual, a dengue que se abriga em pneus e carcaças.
O bom desse plano é que vai dar emprego, não custará sacrifício ao erário, dará alento a uma economia asfixiada pela incompetência.
Um emprego a mais no setor automotivo gera outros sete fora dele. Quando se arrecada pela produção de um veículo, se multiplica por três a circulação de bens e serviços induzidos.
A reciclagem de veículos obsoletos tem alimentado nos últimos 15 anos a Europa, despoluindo seus ares e recuperando matérias-primas. Aqui, infelizmente, 39 ministros parecem não saber como se estrutura um plano virtuoso, apesar de viajarem constantemente ao exterior.
Um Plano de Renovação de Frota (poluente por outra mais limpa) pode ser ainda muito melhor aqui, no Brasil, que em outras partes do mundo. Devolveria a credibilidade econômica e ambiental que se perdeu.
Mas tem que ser urgente.
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