O programa do PT veiculado na última quinta-feira desencadeou reações negativas por todo o país. Panelaços, buzinaços e foguetórios retrataram novamente a crise de popularidade anunciada pelas últimas pesquisas, ratificando o que é, seguramente, o pior momento da presidente Dilma Rousseff e de seu partido. Lula, inclusive, confirma a precária situação da estrela vermelha ao dizer que “nosso pior momento ainda é melhor para o trabalhador”. É uma meia verdade que não funciona bem como uma boa mea culpa.
Talvez tenha sido a melhor inserção que o partido produziu desde os tempos da campanha feita por Duda Mendonça para eleger o Lula “paz e amor”. Foi também um bom material informativo. Traz dados que são verdadeiros e relembra o que de bom o PT conseguiu trazer para o Brasil. Do ponto de vista técnico, portanto, a inserção foi uma excelente peça de publicidade, com objetividade, emoção e plástica irretocável.
Porém, para uma propaganda funcionar, não basta apenas um grande comercial. O bom resultado depende da conjugação de outros fatores, sobretudo os externos, como a disposição do interlocutor em ouvir.
Quando o PT de outros tempos colocou na televisão a bandeira brasileira sendo consumida por ratos e depois apostou na emoção de dezenas de grávidas descendo um gramado rumo à esperança de um futuro melhor, três aspectos colaboraram para o sucesso da comunicação petista: a população acreditava no PT, sentia que o partido era algo novo para o Brasil e desejava uma mudança. A publicidade despertou uma predisposição já existente na sociedade.
Em meio à tormenta que vivemos agora, os brasileiros, pelo menos em sua grande maioria, não acreditam mais que o PT possa resolver os dramas do país, sentem raiva de suas principais lideranças e, novamente, desejam mudanças em quase tudo o que permeia a vida pública e política de nosso país.
Portanto, pior que ouvir as panelas de quem é contra o governo de Dilma é não ser ouvido. Tudo o que o PT tenta dizer está sendo usado contra ele próprio. Falta a tal predisposição do interlocutor. O acreditar, o sentir e o querer da população não vão mais ao encontro do PT, mas de encontro às políticas que Dilma e sua equipe de governo, inevitavelmente, terão que perseguir para conseguir recuperar a economia.
O discurso da crise política não é o bastante para recuperar a governabilidade. Em outros tempos, falava-se de um “pacote de bondades”. Sem condições para oferecer isso às massas, devido às finanças do país, o melhor que a presidente pode fazer é resistir à tempestade operação Lava Jato atinja sua cabeça. Dessa vez, a propaganda não poderá ajudar muito. Heron Guimarães
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