Evidência maior de que o governo bate cabeça, com Madame despencando cada vez mais nas profundezas, está na reunião do conselho político por ela convocada para a noite de ontem, no palácio da Alvorada. Além do vice Michel Temer, lá estiveram sete ministros. Todos discutindo soluções para o país sair da crise, mas saltando de banda diante da proposta maior que seria, mas não foi, a completa reformulação e redução do ministério, para a adoção de um plano capaz de recuperar a economia e pacificar a política.
No caso, “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Ou máxima ainda mais antiga, do “Mateus primeiro os teus”. À exceção do vice, com mandato fixo, não cogitaram entregar os cargos Aloísio Mercadante, da Casa Civil, José Eduardo Cardozo, da Justiça, Elizeu Padilha, da Aviação Civil, Nelson Barbosa, do Planejamento, Jacques Wagner, da Defesa, Edinho Silva, da Comunicação Social, e Joaquim Levy, da Fazenda – se é que algum outro compareceu e não está referido. Imagine-se os demais integrantes de uma equipe no total com 39 ministros. Com unhas e dentes, agarra-se a equipe posta em frangalhos para encontrar a saída da crise sem abrir mão de seus espaços, quando o primeiro ato dessa novela de horror seria deixar Dilma à vontade para mudar tudo.
Recompor o governo, e até cortar pela metade o número de ministérios, seria o primeiro passo na busca de novas soluções para evitar a bancarrota nacional. Como todos pretendem ficar, julgando-se detentores de programas para a recuperação, esbarra a tentativa em seu primeiro e insuperável obstáculo. Na verdade, mais do que salvar a economia ou salvar a própria Dilma, pretendem salvar-se.
Nem sempre essas mudanças dão certo, mas sem elas o fracasso torna-se inevitável. Nem se fala dos ministros ausentes da reunião de ontem, parte dos quais a presidente nem saberá o nome, quanto mais suas metas, se é que as tem.
Entregues à sanha dos partidos, os ministérios não desenvolvem objetivos para os respectivos setores, senão para garantir seus espaços de poder, quando não para distribuir benesses e propinas. Como faltam coragem e discernimento a Dilma para compor uma nova equipe, o governo continua a girar em círculos. Logo se constatará não haver mais tempo, como não houve para Fernando Collor, anos atrás. Em queda livre para a defenestração, ele compôs o que terá sido o melhor ministério da República. Não adiantou.
Faltam detalhes sobre o encontro da noite passada, mas não errará quem supuser exortações de fidelidade e confiança na superação do caos, por parte dos ministros presentes e na intenção dos ausentes, quando bastaria um pedido de demissão coletiva e irrevogável de todos.
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