Mas ainda fica faltando a investigação e a denúncia de uma outra forma de crime contra a humanidade, ao comprometer o futuro do Brasil pelo descuido com a educação de nossas crianças: o genocídio invisível de mentes e inteligências que assassina o futuro da nação.
Nenhum país teve suas crianças por tanto tempo sem aulas presenciais, nem acompanhamento tão deficiente no uso de aulas por vias remotas; sobretudo, em nenhum outro país houve desigualdade tão gritante na educação de suas crianças conforme a renda de suas famílias.
Talvez a atual CPI já não tenha tempo nem motivação para apurar este outro tipo de genocídio perpetrado por dolo contra o Brasil inteiro, decorrente do abandono e irresponsabilidade como está sendo tratada a educação de nossas crianças neste momento da epidemia. Ao deixarem as escolas fechadas por tão longo período, sem as medidas sanitárias necessárias e sem cuidados para utilizar-se as novas tecnologias da informática, estamos condenando 50 milhões de crianças a um atraso em parte irreversível na formação delas. Em consequência, sacrificando o futuro da nação brasileira nos próximos anos, talvez décadas.
A morte de meio milhão de brasileiros adultos é uma tragédia imensa do ponto de vista humanitário, mas o sacrifício da mente de 50 milhões de crianças, toda nossa infância, é uma tragédia de consequências abismais para o futuro do Brasil. Ameaçando a construção de uma sociedade eficiente, justa, sustentável, equilibrada, democrática.
Por esta razão, o Brasil precisa investigar e apurar a dimensão e a responsabilidade, por omissão ou ação, dos que provocaram este assassinato da mente, ao corromper a formação da inteligência brasileira. O Brasil precisa encontrar respostas para perguntas tais como:
– Quais as consequências para o futuro do Brasil diante da tragédia educacional que a epidemia provocou?
– Quais medidas poderiam ter sido tomadas e não foram para reduzir o tamanho desta tragédia?
– Quais as pessoas sobre as quais, por omissão e ação, pesa responsabilidade deste crime contra a nação?.
O que fazer para reduzir a tragédia histórica adiante?
Cristovam Buarque
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