'Bolsonaro está ameaçando o Brasil. Ele
pode sofrer impeachment'
O presidente Donald Trump aguardou milhares de mortos para se transformar em estadista. Trump, a exemplo dos presidentes populistas inteligentes, gosta de uma guerra para liderar uma nação. Mesmo que seja uma guerra interna contra um vírus agressivo e quase terrorista. Trump sabe que não pode se omitir, perderá eleições se deixar as mortes de cidadãos americanos se multiplicarem como agora em Nova York. Imagens de americanos tombando em solo nacional, vítimas de um inimigo invisível, sem direito a despedida de parentes ou funerais, com caixões enfileirados, não fazem bem à popularidade de nenhum presidente.
Nosso populista de extrema-direita no Planalto é um capitão que foi expulso do Exército por indisciplina. Não aprendeu com a idade. É um idoso de 65 anos, faz parte do grupo de risco e sai por aí sem o menor pudor, podendo ser contaminado ou podendo contaminar seus seguidores. A mídia e a imprensa diariamente ouvem especialistas e políticos para tentar frear a influência de Bolsonaro. O duplo trabalho médico e jornalístico, todo dia, destinado a desmentir Bolsonaro, é insano. Brasileiros não podem se deixar guiar por um desvairado que não respeita a OMS nem seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que reduziu muito suas aparições por não saber se continua médico ou vira puxa-saco. Bolsonaro não respeita a Fiocruz. Não respeita nossos infectologistas e médicos. Não respeita ninguém. Não pode esperar que o respeitemos.
Sair num domingo de sol, quando a população tenta obedecer às normas restritivas para se proteger e proteger o próximo, e incitar à quebra do isolamento e distanciamento social não é apenas um ato de molecagem. É uma ofensa à humanidade. E Bolsonaro - ou qualquer líder no mundo - não pode ficar acima disso. Deu uma de machão: “Enfrenta o vírus como homem, pô. Não como moleque”. Uma conclamação que deveria, por todos os cânones institucionais, ser motivo de impeachment ou camisa-de-força.
Sabemos qual é a definição de “homem” para Bolsonaro. Quanto a ser “moleque”, a definição original e fria no dicionário é “rapaz de pouca idade”, “criança que faz travessuras”. A conotação que Bolsonaro deu a moleque, ao desafiar o povo a ir para a rua, dirigindo-se a pais de família (e às mães de família) é a coloquial e negativa. Vejamos alguns sinônimos de “moleque”:canalha, pulha, abjeto, ignóbil, indecoroso, indigno, infame, mesquinho, miserável, ordinário, patife, sacana, sem-vergonha, sórdido, torpe, vil, desonesto, mau-caráter, pilantra, salafrário. Resumindo, para o dicionário Michaelis, o moleque a que se referiu Bolsonaro não é o garoto travesso mas o homem que “não tem integridade e seriedade; um velhaco”.
Hoje, Bolsonaro rodou a baiana mais uma vez, porque todo dia é dia para ele insultar a ciência e importunar o país, não respeita nem domingo nem segunda. "Vamos enfrentar o problema? Ou o problema é o presidente? Tem que trocar de presidente e resolve tudo?" Não, Bolsonaro, não resolve tudo. A pandemia não deixará de existir. A crise não sumirá. Mas não precisaremos mais ser insultados por suas declarações despropositadas, o jornalismo, os ministros e os especialistas não precisarão desperdiçar tempo todo dia desmentindo o presidente, contradizendo o presidente, explicando que o presidente não deve ser ouvido nem imitado. Um presidente que não deve ser ouvido, um presidente que precisa ser ignorado pelo bem do país...sério...já deixou de ser presidente...e passou a ser um figurante da República. Já foram dadas todas as chances para Bolsonaro agir como verdadeiro chefe da nação. Ele ignorou todas. Vamos parar de "não falar" em impeachment?
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