domingo, 24 de novembro de 2019

Se o capitão não vai ao óleo, o óleo vem ao capitão

Na crise ambiental do óleo, Jair Bolsonaro correspondeu a 100% das expectativas do brasileiro que não esperava nada do presidente da República. Não fez o que devia. Absteve-se, por exemplo, de sobrevoar praias do Nordeste por onde o óleo passou. Tampouco cogitou visitar uma das tantas localidades onde a pesca e o turismo levaram um baque. Fez o pior o melhor que pôde.


Descobre-se agora que se Bolsonaro não vai ao óleo, o óleo vem até Bolsonaro. Num passeio macabro iniciado há três meses, as manchas já atingiram todos os estados do Nordeste. Passaram pelo Espírito Santo. Acabam de chegar ao Rio de Janeiro, berço eleitoral do presidente. O governo entrou atrasado no lance. E Bolsonaro evoluiu do descaso para o alarmismo.

Neste sábado, sem esgrimir nenhum dado técnico, Bolsonaro voltou a instilar medo num ambiente já bem impregnado de horror. "Nós gostaríamos muito que fosse identificado quem realmente cometeu, no meu entender, esse ato criminoso. Agora, não sabemos quanto de óleo ainda tem no mar. Na pior hipótese, um petroleiro, caso tenha jogado no mar toda a sua carga, menos de 10% chegou à nossa costa ainda. Então, nos preparamos para o pior".

Se um governante entra atrasado no enredo de um acidente ambiental ou de uma catástrofe, o melhor que teria a fazer seria fornecer boas explicações. Mas Bolsonaro evolui do descaso para o alarmismo, sem nada no meio que possa ser chamado de gestão.

Guardadas as proporções, Bolsonaro faz lembrar o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush. O personagem tenta explicar até hoje por que demorou a acordar para o flagelo do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005. O prestígio de Bolsonaro no Nordeste, que já é baixo, tende a decair.

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