Malthus afirmou que a humanidade estava diante do desafio de descobrir meios para elevar a produção a taxas elevadas e, ao mesmo tempo, diminuir a velocidade de crescimento da população. Ele também alertava para a necessidade de conseguir o crescimento econômico, o desenvolvimento da tecnologia e, principalmente, fazer isso sem perder tempo, pois a população não dá trégua e segue crescendo continuamente. Não conseguindo êxito nesse intento, o mundo veria crescer a fome, a miséria e o sofrimento. Ainda que suas previsões catastróficas não tenham se realizado, as teorias e as reflexões de Thomas Malthus são úteis até hoje, e servem de alerta para uma questão essencial: a superação da pobreza e a melhoria do bem-estar social exigem que o país evite a perda de tempo mergulhado em crises econômicas, crise política e crise social.
De fato, o tempo é um fator relevante na determinação do crescimento econômico e da melhoria social. O Brasil pode ser analisado nos termos dos estudos de Malthus, pois o país chega a 2018 com elevados índices de pobreza e baixo padrão de vida. Assim, cabe compreender as razões que impediram a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos 70 anos a taxas suficientes para acabar com a miséria, a pobreza e a baixa renda por habitante. Uma dessas razões é a perda de anos e anos preciosos, ora por crises econômicas, ora por crises políticas, quando não pelas duas ao mesmo tempo.
Merecem registros pelo menos quatro momentos caracterizados por erros ou crises de alto porte que castigaram o Brasil e atrasaram o progresso. Primeiro, ainda que tenha sido uma época de importantes avanços, os anos 1950 foram marcados pela cultura do nacionalismo – pela qual o país fechou-se ao mundo, rejeitou o capital estrangeiro e não ampliou a participação no mercado internacional – e pela cultura do estatismo, que levou à criação de várias empresas estatais e gerou a crença de que o motor do desenvolvimento era o governo, e não o setor privado. O segundo momento foi a década de 1960, marcada pela exacerbação da inflação, convulsões sociais, crise política e implantação de um regime militar; o crescimento econômico foi retardado em pelo menos cinco anos.
O terceiro momento iniciou na segunda metade dos anos 70 e percorreu toda a década de 1980, que foram anos de crise do petróleo, aumento da inflação a partir de 1974, elevação da dívida externa, descontrole das contas do governo, hiperinflação nos governos Sarney e Collor, planos econômicos desastrosos e aumento da estatização de empresas, ao ponto de a década de 80 ser considerada uma década perdida. Os anos 90 deixaram marcas positivas, como o fim da inflação (com o Plano Real, em 1994), a reorganização do sistema bancário, a privatização de empresas, a Lei de Responsabilidade Fiscal e, já nos anos 2000, melhorias de alguns indicadores sociais, até o país desembocar, após 2010, na maior recessão de sua história ao lado da deterioração da moral pública refletida nos escândalos do mensalão, do petrolão, de outros escândalos de corrupção, fraudes, desvios e falência financeira do setor público.
Se consideradas apenas essas realidades – outras muitas devem ser levadas em conta –, tem-se aí um quadro de grave desperdício de tempo que ajuda a explicar por que o Brasil chega ao fim desta segunda década do século 21 com altos índices de miséria, pobreza, analfabetismo funcional, em suma, um país pobre e atrasado. O Brasil vem desperdiçando tempo de forma grave e retardando o desenvolvimento. A população brasileira saiu de 51,9 milhões em 1950 para 70,9 milhões em 1960, 94,5 milhões em 1970, 121,1 milhões em 1980, 169,8 milhões em 2000 e terminou 2017 com 208,5 milhões. Para contrariar Malthus, o setor que mais se desenvolveu nesse período foi o agronegócio em geral, e a produção de alimentos em particular. Mas isso não basta para que a população inteira disponha de uma renda por habitante capaz de lançar o país no clube das nações desenvolvidas, deixando a miséria e pobreza para trás. O país tem de parar de perder tempo, como tem feito até agora.
Merecem registros pelo menos quatro momentos caracterizados por erros ou crises de alto porte que castigaram o Brasil e atrasaram o progresso. Primeiro, ainda que tenha sido uma época de importantes avanços, os anos 1950 foram marcados pela cultura do nacionalismo – pela qual o país fechou-se ao mundo, rejeitou o capital estrangeiro e não ampliou a participação no mercado internacional – e pela cultura do estatismo, que levou à criação de várias empresas estatais e gerou a crença de que o motor do desenvolvimento era o governo, e não o setor privado. O segundo momento foi a década de 1960, marcada pela exacerbação da inflação, convulsões sociais, crise política e implantação de um regime militar; o crescimento econômico foi retardado em pelo menos cinco anos.
O terceiro momento iniciou na segunda metade dos anos 70 e percorreu toda a década de 1980, que foram anos de crise do petróleo, aumento da inflação a partir de 1974, elevação da dívida externa, descontrole das contas do governo, hiperinflação nos governos Sarney e Collor, planos econômicos desastrosos e aumento da estatização de empresas, ao ponto de a década de 80 ser considerada uma década perdida. Os anos 90 deixaram marcas positivas, como o fim da inflação (com o Plano Real, em 1994), a reorganização do sistema bancário, a privatização de empresas, a Lei de Responsabilidade Fiscal e, já nos anos 2000, melhorias de alguns indicadores sociais, até o país desembocar, após 2010, na maior recessão de sua história ao lado da deterioração da moral pública refletida nos escândalos do mensalão, do petrolão, de outros escândalos de corrupção, fraudes, desvios e falência financeira do setor público.
Se consideradas apenas essas realidades – outras muitas devem ser levadas em conta –, tem-se aí um quadro de grave desperdício de tempo que ajuda a explicar por que o Brasil chega ao fim desta segunda década do século 21 com altos índices de miséria, pobreza, analfabetismo funcional, em suma, um país pobre e atrasado. O Brasil vem desperdiçando tempo de forma grave e retardando o desenvolvimento. A população brasileira saiu de 51,9 milhões em 1950 para 70,9 milhões em 1960, 94,5 milhões em 1970, 121,1 milhões em 1980, 169,8 milhões em 2000 e terminou 2017 com 208,5 milhões. Para contrariar Malthus, o setor que mais se desenvolveu nesse período foi o agronegócio em geral, e a produção de alimentos em particular. Mas isso não basta para que a população inteira disponha de uma renda por habitante capaz de lançar o país no clube das nações desenvolvidas, deixando a miséria e pobreza para trás. O país tem de parar de perder tempo, como tem feito até agora.
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