Indulto é decisão privativa do presidente da República. O Supremo não deveria se intrometer no assunto, mas se intrometeu (e, cá entre nós, foi bom). O presidente decide, mas decidir aumentando ainda mais as regalias dos delatores é meio muito. Pense num dedo-duro bem safado, que trocou amigos e cúmplices por uma pena que é quase um prêmio. Ganharia mais um prêmio, ficando livre de cumprir outro pedaço daquela pena de mentirinha com a qual foi premiado, e sem pagar multa nenhuma? Dá inveja dos bandidos que roubam o Tesouro e, sem dó, entregam até a mãe.
Temer, mestre de Constituição, sabe que foi além do razoável. Se sabe, por que fez? Para indicar a aliados que, se apanhados, terão apoio, pois alguém lá em cima gosta deles. Que sigam votando com Temer. A arma de Temer para a reeleição é a economia. Se tudo der certo e ele ficar, será bom para o bando todo. Bando, claro, no bom sentido; é sinônimo de “grupo”.
Por falar em Carlos Marun, uma pessoa nova no grupo sempre é alguém que ainda não se acostumou a narrar os fatos da maneira que agrade os companheiros. Pois não é que Marun, agora ministro da Secretaria de Governo, acaba de admitir que está pedindo apoio à reforma da Previdência especialmente para quem recebe recursos oficiais?
“Não vamos abrir mão de pleitear o apoio dos agentes públicos brasileiros e, especialmente, daqueles beneficiados por ações do Governo”, disse. Ou, em linguagem menos rebuscada, é recebendo que se dá. É bom aproveitar a verdade antes que o ministro Marun aprenda a dizê-la.
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