“Nós falávamos aqui de uma guerra entre gangues, de uma população aterrorizada, presa em suas casas. Isso não está acontecendo. A questão de tiroteios é policial e deve ser resolvida no âmbito das polícias”, justificou o ministro.
Napoleão Bonaparte, um dos maiores gênios militares da humanidade, disse certa vez: “Primeiro a gente ganha. Depois a gente vê”. Esqueço o nome do general – ou do estadista cínico – que ensinou a propósito de guerras perdidas: “A gente proclama a vitória e sai rapidinho”.
A guerra contra o tráfico no Rio jamais será vencida por um Exército que não quer lutar, por uma policia sócia do crime e por uma população anestesiada.
Razão não falta aos generais que se recusam a fazer o que não lhes cabe. Exército existe para matar – não para patrulhar cidades. Como enfrentar bandidos numa emergência sem um prévio e confiável trabalho de inteligência que a polícia não entrega?
De resto, a presença ostensiva do Exército é um estorvo para quem mais lucra com os negócios milionários do tráfico. E não é gente de favela.
Quem mais lucra tem passaporte válido, voa para o exterior de primeira classe e circula com desenvoltura no grande mundo onde se compram e vendem armas modernas e drogas de qualquer natureza.
É festejado e repousa em sossego enquanto seus prepostos se matam. Em parte alguma, o distinto público consumidor de droga sobe morros. No máximo, frequenta suas franjas.
Havia 15 mil fuzis nas mãos de bandidos do Rio antes da invasão recente da Rocinha. Como 26 foram apreendidos, restam 14.974. Desconhece-se o número de granadas, mas 19 foram confiscadas.
Dos 54 mandados de prisão expedidos, 11 foram cumpridos. Nos sete dias de cerco à favela, Rogério 157 fugiu, fez acordo com o Comando Vermelho, sequestrou um táxi, reapareceu na Rocinha e fugiu de novo. Ai dele se voltar!
Foi a quarta – ou quinta - megaoperação deflagrada no Rio desde que o presidente Temer, em maio último, balançou, quase caiu, mas se manteve firme para alívio dos que apostam na estabilidade do país.
Temer amarga a segunda denúncia por corrupção e uma popularidade próxima do zero. Nada, porém, incapaz de ser compensado pelo apoio de um Congresso repleto de criminosos.
O Rock in Rio escapou incólume – menos grave. O que não diriam do Brasil lá fora se uma das atrações do festival tivesse tombado vítima de bala perdida?
Por medo que a intervenção militar na Rocinha em dia de rock pusesse em risco a vida de um grande número de cariocas, o governador Luiz Fernando Pezão, sabiamente, evitou pedir a ajuda do Exército. Mais tarde, sabiamente, mudou de opinião.
“Os militares conheceram o terreno. Se precisar, eles vão voltar", promete Pezão. Se depender da Polícia Militar, não. Ao Exército, ela prefere dinheiro para se financiar.
Portanto, chore por ti, Rio! Ou então, acorde.
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