segunda-feira, 2 de outubro de 2017

A morte do afeto, vitimado pelos graves erros do pensar

Tá lá um corpo estendido na cama. Inerte, pálido, num quadro em preto e branco, quase sem vida. Vegeta, torturado pelo silêncio estridente de pensamentos ruinosos, de culpas carrascas, de baixa autoestima, que aprisiona virtudes no porão da alma. Nesta mente mórbida, moribunda e trôpega, faltam cor, calor, luz, energia, pois afeto é, em síntese, o que nos anima. “Animus” é alma em latim.

Vivemos o tempo da falência do afeto, das doenças afetivas. O cardápio é vasto: depressão, síndrome do pânico, fobia, transtornos bipolares, obsessivo-compulsivo, de ansiedade generalizada e um leque de variáveis. Mas soam as trombetas: doenças do afeto? Essa coisa arcaica, que passeia na Terra desde que um tipo de animal resolveu dar de mamar a sua cria e, ao extrair do próprio corpo um alimento, superou e dominou a face do planeta? Isso há quase 200 milhões de anos? Por que esses mamíferos mascarados, metidos a bestas, pequeninos, que raciocinam, dominaram o fogo, lascaram pedras, poliram bronze, ergueram casas, criaram pólvora, domesticaram outros mamíferos, plantaram, fizeram meios de transporte... ufa... mataram uns aos outros, escravizaram-se, chegaram à Lua, inventaram comunicação a distância, inventaram cérebros e inteligência artificial e...

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Continuam cada vez mais infelizes, suicidando, deprimindo, carentes, conflitando, insatisfeitos? Sofrem por antecipação, morrem de medo, são apegados, vaidosos, mas, acima de tudo, carentes. Não se reconhecem como raça, odeiam cor de pele diferente, religião distinta, origem social não compatível. Precisam acasalar, mas nada entendem de gênero. Têm cria, mas perecem que gestam futuros ETs.

Anestesiam suas angústias e frustrações com químicas lícitas ou ilícitas. Ressacam-se para a inevitável realidade. Costumam odiar o que fazem, estudar, trabalhar, voltar para a casa. Nem sempre, nem todos.

Mas são humanos; por natureza, imperfeitos. Paradoxalmente, dizem-se criados à semelhança do Pai. Sei lá. Onde estiver, e deve estar em todos os lugares, Deus deve estar em cima da prancheta: “Até os símios tudo bem, mas cadê o protótipo do Adão?” Essa é a visão dos otimistas.

Já os pessimistas acham que Ele é o personagem do início do texto. Meio que desistiu. Resolveu esperar o apocalipse e deu uma forcinha pro Trump e pro tal Kim, da Coreia do Norte, trocarem afetos por meio de torpedos atômicos. Principalmente quando Ele recebeu visita do Temer, do Gilmar, do Toffoli, do Lewandowisk. Aécio de helicóptero, Maluf de jatinho, Renan de trenó e Lula de pau de arara, elogiando a honestidade do Pai, quase igual à dele. Não havia dúvida: era o fim do mundo!

PS: Ando cansado do politicamente correto, vivendo num mundo fake e covarde!

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