domingo, 18 de junho de 2017

Siameses retrô

Começam com T e têm cinco letras, não é charada. São os nomes dos dois únicos presidentes que estão sob investigação no mundo, que apesar de díspares comungam o retrocesso político. Trump e Temer são os siameses de outros tempos.

No discurso para os cubanos radiados em Miami, o presidente americano acenou com o discurso democrata de J.F. Kennedy. A imposição à Cuba de uma democracia à americana de eleições livres, liberdade de partidos, fedeu ao autoritarismo daquele tempo de uma América senhora do mundo. Trump errou de época, achando-se um novo Ted Roosevelt, capaz de impor sanções a torto e à direita em defesa dos famigerados interesses americanos, danando-se a soberania do país que for. Um joguinho de cena para aparecer bem na fita, mas não é nenhum John Wayne, que dirá o velho Ted.




Temer, burocrata de partido, também é de outro mundo. Ganhou a chance única de deixar uma biografia respeitável. Mas com o cacoete de anos convivendo nos corredores políticos, ganhou ares morféticos. Incorporou a fantasia de governante, por necessidade, e saiu anunciando um gabinete de notáveis. Conseguiu apenas reunir notórios pilantras com extensos e e históricos prontuários. Temer e comparsas encarnam o mais sórdido na política brasileira: o coronelismo de colarinho, que reaparece recauchutado.

Espera-se que o mundo esteja mudado o suficiente para mandar às favas esses ventríloquos do passado. Não são lá tão assustadores como parecem, porque como fantasmas vão desaparecer em fumaça. São os zumbis de um passado para dar o que falar no mundo e com isso muita instabilidade.

Luiz Gadelha

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