sexta-feira, 19 de maio de 2017

Tá chovendo para cima

O presidente Temer falou. Pagou pra ver. Jogou a crise pro campo jurídico, terreno de sua especialidade. Prometeu provar que não comprou o silêncio de ninguém. Terá condições de parar a engrenagem?

Temer tornou-se um político frágil numa velocidade jamais vista na República. De presidente poderoso e reformador, em questão de minutos, teve seu poder dramaticamente reduzido. A ponto de muitos de seus aliados considerarem sua situação insustentável e o mercado ter ficado muito desanimado. Tudo com base na crença de que “O Globo tem mais” a falar sobre.


Michel Temer, como homem de coragem, foi um dos poucos a sair a público para se defender e defender o governo. O outro foi Eliseu Padilha. Apesar de Temer ter sido firme e vigoroso, seus aliados ainda estão em estado de choque.

Mas o tamanho da crise o torna o passageiro da crise. A segunda vítima das denúncias, é o processo de reformas. Sem definir o futuro de Temer nada vai acontecer. A terceira vítima poderá ser a maioria que Temer tinha a seu favor no TSE.

Moro em Brasilia há 30 anos, sou testemunha de todas as categorias possíveis e imagináveis de crise, já vi ministros e presidentes caírem de forma espetacular, sei como se formam as metasteses politicas e os caminhos de cura.

A essência desta, porém, é quase o “sobrenatural da silva” dos acontecimentos, como diria Nelson Rodrigues. Deve ser por isso que um amigo de infância me telefonou ontem à noite (quarta-feira) depois do JN dizendo: “Tá chovendo pra cima”.

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